Torturador da ditadura pode se tornar réu por estupro

Comissão da Verdade identificou responsável por agressões de centro clandestino de repressão que ficava na região serrana do Rio de Janeiro

por Wagner Silva qui, 09/03/2017 - 17:07

O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF) anunciou que vai recorrer da decisão da Justiça Federal de Petrópolis de rejeitar a denúncia contra um militar acusado de estupro durante a ditadura. A Comissão da Verdade identificou o agressor da ativista Inês Etiene Romeu como sendo Antonio Waneir Pinheiro Lima, com base em documentos encontrados na casa do coronel Paulo Malhães, morto em 2014.

Inês é a única sobrevivente de um centro clandestino de repressão, construído em Petrópolis e utilizado pelos militares daquele período. Capturada e torturada em 1971, a ativista apresentou a denúncia em 1979, porém só foi investigada em 2013, depois que a Comissão da Verdade reuniu documentos suficientes para protocolar o caso. Até então, os investigadores do MPF só conheciam o codinome do militar responsável pela tortura.

O juiz que rejeitou a denúncia alegou que a ação fere a lei da anistia e, além disso, pede o julgamento de um crime já prescrito. De acordo com o MPF, a aplicação da lei da anistia não é pertinente nesse caso, já que, conforme relato da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, as agressões configuram crime contra a humanidade. A subprocuradora geral da República, Luiza Frischeisen, declarou que há provas e perícias conclusivas suficientes para tornar o militar réu.

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