Departamento de propina na Odebrecht iniciou nos anos 90

Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o ex- presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht confirmou a existência dessa equipe que não tinha “denominação específica”

por Taciana Carvalho qua, 12/04/2017 - 15:57

O empresário Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo, que fez colaboração com a Procuradoria Geral da República, homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), confirmou que a construtora possuía uma equipe específica responsável por fazer pagamentos que não eram contabilizados. A afirmação aconteceu na última segunda-feira (10) em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro. O magistrado deu publicidade aos áudios, nesta quarta (12), após decisão do STF de tirar o sigilo sobre inquéritos envolvendo a delação da Odebrecht. 

Ele contou que essa equipe começou a ser formada no início da década de 90. “Quando se adotou um modelo que existe até hoje, ou que existia, que era um modelo de separação do que a gente chamava de geração e distribuição”, explicou. 

Marcelo destrinchou que a geração de recursos não contabilizados visou, predominantemente, o exterior porque havia uma “eficiência fiscal” e que porque muitos países possuíam uma “restrição cambial”. Disse que não era interessante fazer geração no Brasil porque tinha prejuízo. 

Questionado se a determinada equipe ficava subordinada a ele, durante o período em que estava à frente do grupo [2002 até 2010], ele desconversou. “Quando assumi, a equipe estava subordinada ao presidente da construtora”. Ele também respondeu se esse determinado setor estava em algum “organograma” da empresa afirmando que não havia uma denominação específica para o setor.  

Moro pediu para que Marcelo Odebrecht explicasse melhor como funcionava na prática. Também na tentativa de se defender, ele disse que todos os empresários tinham autorização para fazer pagamentos não contabilizados e que não era precisava ser autorizado por ele com apenas uma exceção. “Que se dava quando o empresário não tinha caixa oficial, caso não houvesse saldo na conta oficial da pessoa. Eu me recordo que isso aconteceu duas ou três vezes”, disse. 

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