Odebrecht diz que Palocci era seu “principal interlocutor”
O herdeiro da empreiteira Marcelo Odebrecht disse, em depoimento a Moro, que o ex-ministro de Dilma e Lula também interagia com outras pessoas da empresa
No áudio relativo ao depoimento do empresário Marcelo Odebrecht ao juiz Sérgio Moro, autorizado a ser divulgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o herdeiro da empreiteira disse que, em 2008, o ex-ministro de Dilma e Lula Antonio Palocci o procurou pedindo apoio para o Partido dos Trabalhadores (PT) nas eleições municipais que aconteceriam naquele ano.
Ele também confirmou que o codinome “italiano”, citado na planilha de doações e repasses de propina do grupo, se referia a ele. A propina é definida por Marcelo como “pagamentos não contabilizados”.
“Os pedidos começaram, em 2008, na campanha municipal. Apesar da relação de Palocci ser anterior com o meu pai, continuou [comigo]. O Palocci era meu interlocutor principal nesse assunto, mas durante esse período ele continuou interagindo com outras pessoas da empresa”, contou.
Marcelo Odebrecht também teve que explicar para Moro a planilha que retrata os pagamentos, que era denominada como “Programa Especial Italiano”. “Sim, foram pagamentos autorizados [por mim] ou solicitados por ele”, confirmou.
O empresário está preso, na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, em função das investigações da Operação Lava Jato. Já o petista Palocci foi preso, em setembro de 2015, e responde pela suposta prática de corrupção e lavagem de dinheiro. Na última sexta-feira (7), o ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF, rejeitou pedido de liberdade apresentado pela defesa do ex-ministro.
No final do mês passado, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, chegou a clamar pela liberdade de Palocci. Ele declarou que a condenação sem provas são “prisões arbitrárias”.