“Projeto para o Cais deve ser pensado em coletivo”

Fernando Ribamar, integrante do movimento Ocupe Estelita, disse que a luta do grupo vem impedindo a construção do projeto que prevê 12 torres residências e comerciais na área

por Taciana Carvalho dom, 21/05/2017 - 18:27
Taciana Carvalho/LeiaJáImagens Fernando Ribamar: A gente não tem uma receita pronta, não, a gente quer é debater com a participação popular Taciana Carvalho/LeiaJáImagens

O Movimento Ocupe Estelita realizou um ato simbólico na tarde e que entrou pela noite deste domingo (21) para comemorar os cinco anos do movimento. Entre as atividades: lançamento de livro, feira, exposição de fotografias e roda de debates. A iniciativa também foi importante, segundo um dos integrantes do movimento Fernando Ribamar, para ressaltar que o projeto para a área deve ser pensado em coletivo. 

“A importância do ato é simbólico, especialmente porque a gente está comemorando cinco anos que esse bando de desocupados e maconheiros vem impedindo que as 12 torres se ergam aqui no Cais. Então, é uma comemoração nesse sentido e também uma reflexão com relação ao momento em que estamos vivendo”, ironizou.

Ribamar declarou que o Ocupe Estelita não é contra que seja construído algo na área, no entanto que deve ser feito de forma coletiva. “A gente não defende que aqui seja construído nada ou que seja construído alguma coisa. O que a gente defende é que este espaço como sendo o último vazio urbano do Recife entre o centro e a Zona Sul deve ser pensado com a sociedade de modo a atender da forma mais ampla possível os anseios de toda a sociedade e não somente da construtora que adquiriu o terreno”. 

“Quantas milhares de pessoas moram aqui no Coque, no bairro São José e em Afogados que vão ser impactadas diretamente por um empreendimento de luxo que vai inflacionar os alugueis e os terrenos que eles moram? Eles vão ser expulsos daqui para ir morar onde? Então, a gente tem que fazer o debate que inclua todo mundo. A gente não tem uma receita pronta, não, a gente quer é debater com a participação popular. O projeto para o Cais deve ser pensado em coletivo”, acrescentou.

O representante ainda disse que o grupo também discute o momento que o Brasil está passando. “E a necessidade de garantir que lutas sejam unificadas, por isso estamos chamando para o Cais para poder questionar que lutas cabem aqui. O Ocupe Estelita é fruto de uma luta que, no Recife, unificou diversos movimentos e áreas diferentes que entenderam que o direito da cidade era muito mais amplo do que simplesmente urbanismo e que cabia a discussão de raça, de gênero, de classe e tudo isso foi congregado aqui no Cais Estelita”, finalizou. 

Uma campanha de arrecadação de recursos foi viabilizada entre os participantes do movimento. O objetivo foi custear o pagamento de toda a estrutura necessária para montar a programação do encontro. 

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