Escolas ainda podem ter carne vencida fornecida por cartel

O alerta foi feito pelo delegado responsável pelo caso, Izaias Novaes. As nove empresas envolvidas no cartel estão impedidas de firmar contratos com o Poder Público

por Giselly Santos seg, 24/07/2017 - 13:03
Divulgação/Polícia Civil As apurações apontaram que a WJR fornecia carne com o prazo de validade vencido para hospitais e escolas públicas Divulgação/Polícia Civil

Nove empresas estão impedidas de contratar com o Poder Público em Pernambuco suspeitas de construir um cartel para lavagem de dinheiro e crimes licitatórios em prefeituras do estado. De acordo com a Polícia Civil, elas são alvos da Operação Comunheiro II e a decisão de suspender a participação nas atividades de administração pública foi expedida pela Justiça, a partir de uma Medida Cautelar do Tribunal de Contas do Estado. 

Os responsáveis pelo caso apresentaram detalhes da investigação nesta segunda-feira (24), em coletiva de imprensa.  O grupo atuava no Recife, Carpina, Olinda, São Lourenço da Mata, Paudalho, Buenos Aires e Ilha de Itamaracá. Segundo o delegado Izaias Novaes, da Delegacia de crimes contra a Administração e Serviços Públicos, quem liderava a organização criminosa era a empresa WJR Comercial. 

As apurações apontaram que a WJR fornecia carne com o prazo de validade vencido para hospitais e escolas públicas. Inclusive, o delegado alertou para a existência ainda de caixas de carne vencida nas repartições públicas que recebiam o alimento da empresa. 

“Infelizmente ainda não sabemos para onde este material foi entregue… A repartições públicas podem ainda ter este produto e pedimos que as prefeituras e as Câmaras verifiquem se os contratos eram com a WJR e vejam se há alguma rasura na data de validade dos pacotes dos alimentos, pois o combinado entre eles era de rasurar as datas de validade. Observem o produto para ver se há indício de fraude”, destacou. 

“Eles cometeram crimes de fraude em licitação e organização criminosa. A WJR participava controlando o  cartel, era a empresa principal, a que mais recebia dinheiro público. Recebeu R$ 22 milhões em empenhos e tem a receber R$ 38 milhões. Ela entrava em contato com as empresas concorrentes e pedia para que eles não participassem da licitação, em troca pagavam por isso”, acrescentou o delegado Izaias Novaes. 

De acordo com a Polícia, além do fornecimento de merendas, a WJR operava o cartel que fornecia, por exemplo, material de escritório e outros tipos de ramos alimentícios, como café e açúcar para a Câmara dos Vereadores de Carpina, na Zona da Mata Norte. 

As outras empresas que fazem parte do esquema e também estão proibidas de contratar com o Poder Público são: Comercial Ribeiro e Santos; Onix Comércio e Representações; F. Araújo Distribuidora; Comercial Américo - Produtos Alimentícios, Higiene e Variedades; Martins e Andrade; Neomax Comércio e Serviços LTDA.; Mega Fácil Empreendimentos LTDA; Nutrinor; Pride Comércio e Papelaria e Embalagens. 

Prisões 

A Operação Comunheiro II teve oito mandados de prisão temporária e preventiva expedidos, 26 de busca e apreensão domiciliar e 12 de condução coercitiva. Entre os alvos para prisão temporária e buscas domiciliares estão Antônio Carlos Barreto, mais conhecido por Tota Barreto, ex-presidente da Câmara dos Vereadores de Carpina, que já havia sido preso em  outras duas operações, a Fraus e a Caça Fantasmas; Reinaldo Felix Campos Uchoa Cavalcanti, conhecido como  "Macarrão"; Vital José Moreira Neto; Itamar Carlos da Silva; Bruno Santa Rosa; e Marcos Bacelar de Andrade, o Marquinhos. 

Ainda compõem a lista Reginaldo de Almeida Barros Junior, vulgo Regis, eJosé Florêncio da Silva, chamado popularmente de "Pelé". Os dois são da WJR, empresa localizada em São Lourenço da Mata.  

Um dos oito alvos de prisão, Danilo Ribeiro dos Santos Ribas, está foragido. Ele usava o nome dos pais como laranja para efetuar os contratos irregulares. Todos são investigados por crime licitatório, lavagem de dinheiro e organização criminosa. 

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