Haddad: "Lula teria força para conter ascensão da direita"

Em entrevista à Folha de São Paulo, o ex-prefeito de São Paulo também enumerou as diferenças entre a atuação do presidente americano Donald Trump e do eleito no Brasil Jair Bolsonaro (PSL)

por Jameson Ramos seg, 26/11/2018 - 11:24
Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo Para ele, a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos foi o que Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo

Derrotado na disputa pela Presidência da República, Fernando Haddad (PT) assegurou que se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não tivesse sido condenado em um processo, na ótica dele, "frágil", teria conseguido "conter a ascensão da direita" no Brasil - que deu vitória nas urnas à Jair Bolsonaro (PSL), tido por Haddad como uma representação da extrema direita na América Latina.

"Lula tem significado histórico profundo. Saiu das entranhas da pobreza, chegou à Presidência e deixou o maior legado reconhecido no país", argumentou o petista, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo nesta segunda-feira (26). Fernando Haddad foi o substituto de Lula na disputa presidencial do PT, uma vez que o ex-presidente foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa por condenações na Lava Jato.

O ex-prefeito de São Paulo declarou ainda que ele foi um dos primeiros a prever a ascensão da extrema direita no cenário político nacional. Naquele momento, o ex-ministro acreditava que João Doria (PSDB) seria a personificação do que é Bolsonaro hoje. "Doria seria um PSDB bolsonarizado, mas com aparência tucana", apostava Haddad.

Para o petista, a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos foi o que "abriu espaço para a extrema direita no mundo". No entanto, Haddad acredita que o movimento político dos EUA nada tem a ver com o brasileiro. "Trump é tão regressivo quanto Bolsonaro. Mas não é, do ponto de vista econômico, neoliberal. E o chamado Trump dos trópicos (Bolsonaro) é neoliberal", afirma.

“Escola Sem Partido é um projeto autoritário"

Ainda em entrevista à Folha, Fernando Haddad que, além de ter sido ministro da educação no governo Lula, também é professor, classificou o Escola Sem Partido como um projeto "autoritário que está nascendo dentro da democracia".

O petista acredita que esse projeto é uma forma de repressão e intimidação dos docentes em sala de aula.

"Quando um presidente eleito vem a público num vídeo dizer que os estudantes brasileiros têm que filmar os seus professores e denunciá-los, você está em uma democracia ou em uma ditadura?", indagou.

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