Dilma diz que vai processar Bolsonaro por calúnias

O presidente disse, em discurso nos EUA, que 'quem até há pouco ocupava o governo teve em sua história suas mãos manchadas de sangue na luta armada' fazendo referência à ex-presidente

sex, 17/05/2019 - 08:40
Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo Paulo Uchôa/LeiaJáImagens/Arquivo

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) disse que que vai processar cível e criminalmente o presidente Jair Bolsonaro (PSL) por declarações concedidas por ele durante a viagem a Dallas, nos Estados Unidos. Durante a entrega do prêmio personalidade do ano da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, o presidente afirmou que "quem até há pouco ocupava o governo teve em sua história suas mãos manchadas de sangue na luta armada", fazendo referência a Dilma.

Em nota divulgada na noite dessa quinta-feira (16), a ex-presidente chamou a declaração de “mentirosa e caluniosa” e ressaltou: “minhas mãos estão limpas e foram fortalecidas, ao longo da vida, pela militância a favor da democracia, da justiça social e da soberania nacional”.

Sem citar nomes, Jair Bolsonaro foi direto no seu discurso: “Quem até há pouco ocupava o governo tinha suas mãos manchadas de sangue da luta armada, matando inclusive um capitão, como eu. Eu rendo homenagem aqui ao capitão Charles Chandler, um herói americano. Talvez um pouco esquecido na história, mas que escreveu sua história passando pelo Brasil”.

Entre 1967 e 1972, Dilma Rousseff foi militante de duas organizações de luta armada contra a ditadura, em São Paulo, no Rio e Rio Grande do Sul, mas não há registros de que a ex-presidente tenha participado diretamente de ações dos grupos.

“Durante a resistência à ditadura — e muito menos no período democrático —, jamais participei de atos armados ou ações que tivessem ou pudessem levar à morte de quem quer que seja. A própria Justiça Militar — as auditorias, o STM e até o STF — em todos os processos que foram movidos contra mim, comprovaram tal fato”, defendeu-se Dilma.

“Os autos respectivos documentam isso. Ao contrário dos heróis e homenageados pelo senhor Bolsonaro que, durante a ditadura e depois dela, tiveram  suas mãos manchadas do nosso sangue – militantes brasileiros e brasileiras – pelas torturas e assassinatos cometidos contra nós”, completou.

Na nota, a petista aproveitou ainda para alfinetar o presidente. “Se o senhor Bolsonaro quer se ocultar do “tsunami” das investigações que recaem sob seu clã, a partir da abertura dos vários sigilos, não me use como biombo, nem tampouco menospreze os cidadãos e cidadãs que foram às ruas do País em defesa de uma educação de qualidade”, disparou, referindo-se a quebra de sigilo bancário do senador Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente, suspeito de lavar dinheiro com a compra de imóveis.

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