Ministro interino da Saúde diz que não sabe o que é o AI-5

General Eduardo Pazuello afirmou desconhecer o Ato Institucional nº 5, responsável pelo período de maior repressão e violência que marcou a ditadura militar no Brasil

sab, 18/07/2020 - 15:30
Najara Araujo/Câmara dos Deputados Pazuello diz que nasceu em 1963 e, por isso, não estudou o Ato Institucional nº5 Najara Araujo/Câmara dos Deputados

Ministro interino da Saúde e general do Exército brasileiro, Eduardo Pazuello afirmou, em entrevista à Veja, que não fazia ideia do que foi o Ato Institucional nº 5, o AI-5, um dos marcos mais extremos da Ditadura Militar Brasileira. "Nasci em 1963, não o sei o que é o AI-5, nunca estudei para descobrir o que é. Uma história que julgue. Isso é passado, acabou", afirmou o representante da pasta. 

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) têm ido a manifestações de rua com bandeiras que pedem não apenas a intervenção militar contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso, mas também a volta AI-5, que dava poderes quase ilimitados ao presidente da República, na época. De acordo com Pazuello, os pedidos dos manifestantes são a prova de que "a democracia está em sua plenitude".

O que foi o AI-5?

O Ato Institucional número 5 foi decretado em 1968, durante o governo do presidente Costa e Silva, como uma espécie de represália ao discurso do deputado Márcio Moreira Alves na Câmara dos Deputados. A norma dava ao presidente poderes para fechar o Congresso Nacional, cassar mandatos, suspender direitos políticos, entre outros, o que acabou aumentando a violência e o trabalho de torturadores durante o regime.

De acordo com a Comissão Nacional da Verdade, ao todo, foram 434 vítimas, 191 mortos e 210 desaparecidos, além de mais 33 desaparecidos que tiveram os corpos localizados, após o fim dos trabalhos da comissão. Este é considerado o período de maior terror da ditadura militar no país. 

Interino, mas quase permanente

Mesmo sem experiência na área da Saúde, o general deve permanecer no cargo, segundo Bolsonaro. O presidente tem defendido a presença de militares na pasta, dizendo que dos 15 oficiais na ativa, apenas quatro estão em cargos de chefia. Há dois meses, Pazuello entrou no lugar de Nelson Teich. Nas redes sociais os internautas não perdoaram e compartilharam diversos memes com a declaração do ministro.

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