Henry rebate Miguel Coelho e cita relação com Bolsonaro

O deputado federal foi duro com o correligionário, chegando a dar a impressão de estar sugerindo que Miguel Coelho deixe a sigla

ter, 13/07/2021 - 16:31
Julio Gomes/LeiaJá Imagens/Arquivo Raul Henry, durante convenção do MDB em 2018 Julio Gomes/LeiaJá Imagens/Arquivo

Após o prefeito de Petrolina soltar nota pública se queixando com a direção do MDB de Pernambuco, o presidente estadual do partido Raul Henry, se posicionou. O deputado federal foi duro com o correligionário, chegando a dar a impressão de estar sugerindo que Miguel Coelho deixe a sigla.

Raul Henry falou sobre grandes contradições políticas de uma eventual candidatura do filho do senador Fernando Bezerra Coelho ao governo de Pernambuco. Citou a relação da família Coelho com o presidente Jair Bolsonaro, reforçou que a aliança do partido com o PSB segue firme no Estado e disse ainda que não há força no nome de Miguel Coelho dentro do MDB.

Por fim, Henry dá a impressão de sugerir que Miguel saia do partido ou de que fez a leitura da nota do prefeito de Petrolina como sendo uma despedida do MDB. “Ao tomar conhecimento da sua nota, desejamos boa sorte em sua já vitoriosa trajetória”, escreveu.

O MDB integra a Frente Popular de Pernambuco que deve lançar o ex-prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), como candidato ao governo.

O que disse Miguel?

Prefeito de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, Miguel Coelho (MDB) enviou uma nota à imprensa, nesta terça-feira (13), criticando a postura do partido de permanecer na base aliada do governador Paulo Câmara (PSB). O MDB é presidido no Estado pelo deputado federal Raul Henry.

No texto, Miguel – que tenta cacifar o seu nome para concorrer ao comando da gestão estadual em 2022 – lista críticas ao governo de Câmara e pondera que Pernambuco está “à deriva no pior dos momentos, numa das maiores crises da história”.

Confira a nota de Raul Henry, na íntegra:

Nota

Em relação à nota divulgada hoje, 13 de julho, pelo prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, temos a esclarecer o seguinte.

O prefeito nos procurou para uma primeira conversa no dia 7 de abril passado. Na ocasião, ele colocou, de forma legítima e correta, seu projeto de disputar o Governo de Pernambuco pelo MDB e solicitou que o partido se pronunciasse até o mês de julho, um ano antes das convenções de 2022. Segundo ele, esse seria o prazo necessário para organizar um calendário de iniciativas que pudessem fortalecer o projeto.

Nessa oportunidade, salientei que não tínhamos nenhuma restrição pessoal a ele, mas que havia algumas contradições políticas a serem enfrentadas.

A primeira delas é que, hoje, temos uma aliança com a Frente Popular de Pernambuco, com colaborações na administração do estado e da prefeitura do Recife. Essa aliança foi construída por Jarbas e Eduardo Campos ainda no final de 2011.

Em segundo lugar, para iniciar um novo ciclo na vida partidária é indispensável que esse seja o sentimento majoritário na legenda. E pelas conversas diárias que mantivemos com as lideranças do partido - parlamentares, prefeitos, vice-prefeitos, diretorianos - não percebemos essa intenção.

Por fim, há uma contradição intransponível. É pública a aliança política entre o grupo liderado pelo senador Fernando Bezerra Coelho e o presidente Bolsonaro. Enquanto a nossa trajetória é marcada pela defesa dos valores democráticos, o presidente, todos os dias, aumenta a escalada do seu discurso contra as instituições e a ordem democrática.

No dia 31 de maio, voltamos a conversar e reiterei que nenhuma dessas variáveis tinha sido superada e que seria prudente alongar o calendário para uma decisão. O prefeito, então, solicitou que a nossa definição não ultrapassasse o mês de agosto.

Mantive Jarbas informado do conteúdo das conversas e também troquei ideias com vários quadros do partido. De Jarbas, ouvi a ponderação que deveríamos atender ao desejo do prefeito Miguel Coelho de acelerar o calendário. Não seria adequado deixar nele a impressão que estávamos adiando a decisão para trazer prejuízo ao seu projeto.

Dessa forma, na última quinta-feira, dia 8 de julho, tivemos o nosso mais recente encontro. Enfatizamos mais uma vez que não havia qualquer restrição pessoal ao prefeito, mas as contradições políticas, além de permaneceram de pé, estavam se aprofundando. Na ocasião, o deixamos à vontade para, diante de nossa posição, encaminhar da maneira que lhe fosse mais conveniente os passos seguintes.

Hoje, ao tomar conhecimento da sua nota, desejamos boa sorte em sua já vitoriosa trajetória.

Raul Henry

Presidente do MDB de Pernambuco

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