Câmara do Recife sugere à PCR o adiamento do Carnaval 2022

Relatório final sugere foco na vacinação contra a Covid-19 e índice de vacinação além dos 90%. Também foram feitas recomendações de acolhimento à classe artística e demais setores

por Vitória Silva qua, 22/12/2021 - 09:55 Atualizado em: qua, 22/12/2021 - 10:27
Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens Abertura do Carnaval 2019, no Recife, último carnaval tradicional promovido pelo município Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens

A Câmara Municipal do Recife divulgou, na manhã desta quarta-feira (22), o relatório final das atividades da comissão criada para analisar o Carnaval-São João 2022, com recomendações que serão enviadas à Prefeitura do Recife (PCR) para avaliação e decisão sobre a realização das festividades. O Legislativo sugeriu à PCR o adiamento das festas de Carnaval promovidas pelo município.

O resultado é influenciado, sobretudo, pelos índices de vacinação contra a Covid-19, pela consideração das doenças respiratórias sazonais que acometem a população recifense - especialmente entre fevereiro e março, que é quando acontece tradicionalmente a festa momesca - e pela chegada da variante Ômicron.

Em leitura unânime do cenário sanitário e econômico municipal, os vereadores sugeriram que o Carnaval seja transferido para uma data em que os registros de doenças respiratórias paralelas à Covid estejam em queda ou fora da área de risco. Um cenário ideal, de acordo com uma recomendação da Fiocruz para o Recife, é o de, pelo menos, 90% de munícipes vacinados.

"Não há como fazer o Carnaval da forma que conhecemos. Neste momento, no mês de fevereiro, nós compreendemos que não é o momento ideal. Estamos vendo um surto de gripe e outras cepas [da Covid] acontecendo, mas no período de fevereiro é o período que no Recife temos grandes crises sanitárias de doenças respiratórias. Nós precisamos de foco na vacinação, no município, acima dos 90% de vacinados", disse o vereador Marco Aurélio (PRTB), presidente da Comissão.

Auxílio à classe artística

Um outro eixo levantado como prioritário pela Comissão é o de suporte à classe artística e trabalhadora geral, como artesãos e pequenos comerciantes, que sobrevivem ou concentram maior chance de geração de renda nesse tipo de festividade. No relatório, há sugestões como a mediação de interesses junto ao setor privado, para que artistas cadastrados na Lei Aldir Blanc e no auxílio emergencial municipal possam ser contratados; abertura de agendas nos mercados públicos do Recife; e outras iniciativas (leia abaixo).

“Existe um cenário ideal. Destacamos as tarefas da Prefeitura; fechar as entradas, investir em vacinação. Eu lembro que no último carnaval foram executados o montante de R$ 25 milhões, enquanto os auxílios não passaram de R$ 4 milhões na [medida] emergencial do carnaval. Caso haja um cancelamento, nós vamos lutar pelos R$ 25 milhões do carnaval, porque a cadeia produtiva do carnaval precisa sobreviver. A pandemia não pode ser desculpa para não contemplarmos quem precisa sobreviver”, continuou o vereador Ivan Moraes (PSOL).

Os parlamentares sugeriram que o Executivo observe de perto eventos-teste para acompanhar os indicadores pós-festa, como no caso do carnaval fora de época feito em Natal, no Rio Grande do Norte, que fez o ‘Carnatal’ com circulação de cerca de 20 mil pessoas por dia de festa.

Mais uma vez, a Comissão enfatizou a exigência do passaporte vacinal e reconheceu que a tarefa é complicada para ser feita apenas a nível municipal. A sugestão é de fiscalização, em especial nas rodoviárias, portos e aeroportos, com o auxílio do Governo do Estado e da União. Em conclusão, os vereadores insistiram que investir no “cenário ideal” é a única forma de trazer de volta o carnaval amplo e democrático, como é o do Recife.

“[O objetivo é] Garantir que não haja qualquer tipo de segregação carnavalesca. Entendemos que o carnaval tem que ser democrático, de todos e todas, do jeito que a gente conhece. Não estive carnaval “de rua” fechado. O carnaval não pode perder sua identidade e sua essência. Não é simplesmente sobre a realização da festividade, mas sobre a manutenção da cultura popular, do nosso patrimônio, nossos artistas e identidade cultural”, completou o presidente Marco Aurélio.

Confira, abaixo, a íntegra do documento final:

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