Senador diz que recebeu R$ 50 milhões por apoio a Pacheco

O senador Marcos do Val disse ter recebido a quantia por ter apoiado o presidente da Câmara, Rodrigo Pacheco, na eleição à presidência

qui, 07/07/2022 - 18:27
Reprodução/TV Gazeta O senador Marcos do Val (Podemos-SE) Reprodução/TV Gazeta

O senador Marcos do Val (Podemos-SE) contou, ao Estadão, ter recebido R$ 50 milhões em emendas do orçamento secreto por ter apoiado a campanha de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à presidência do Senado, em fevereiro de 2021. Ele disse ter sido informado da “gratidão” pelo senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que articulou a eleição de Pacheco. 

De acordo com o senador, o critério colocado para ele ter recebido a quantia foi o de ter apoiado Pacheco “enquanto outros não apoiavam”, e que não negou o valor por se tratar de “questão de saúde”. Ao veículo, ele negou que o apoio foi dado previamente em troca de votos, mas informou que o rateio foi feito entre os líderes que estiveram ao lado de Pacheco durante a campanha.  

A legislação orçamentária estabelece que a divisão dos recursos públicos seja igualitária e impessoal entre os congressistas. O esquema ainda fere a Constituição por não respeitar a transparência na divisão das verbas.

Procurado pelo Estadão, o presidente do Senado disse desconhecer o assunto; Davi Alcolumbre não comentou. 

Marcos do Val detalhou que o critério de divisão das emendas, realizada quando Pacheco já havia sido eleito, foi por liderança, “os líderes vão receber tanto, os líderes de bancada tanto”. Do Val afirmou que “ele chamou os que eram mais próximos e tornou: ‘olha, o meu critério vai ser esse’. E todo mundo concordou”. 

O senador explicou que Pacheco não chegou a falar em valores pois não sabia o que o Executivo encaminharia, mas que seria em proporcionalidade. “O Rodrigo para mim é um cara fora da curva, um cara corretíssimo, muito equilibrado. Distensionou as cordas entre os Poderes”. 

“Em nome da minha filha, eu tenho uma de 16 anos, em nome dela eu te digo, em momento algum ele me prometeu um real tipo assim: ‘me apoie que eu te dou um real, ou me apoie que eu te dou a presidência de uma comissão’. Nada, nada, absolutamente nada”, contou, ao Estadão, quando questionado se a conversa poderia ser publicada em on. 

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