Flávio: 'saúde indígena foi prioridade do governo'

Diante da crise em território yanomami, senador tentou amenizar erros do governo do pai

por Vitória Silva seg, 23/01/2023 - 14:51
Roque de Sá/Agência Senado O senador Flávio Bolsonaro Roque de Sá/Agência Senado

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que a saúde indígena foi prioridade no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), durante a pandemia da Covid-19. A afirmação foi feita em publicação nas redes sociais, nesta segunda-feira (23), utilizando recortes de dados divulgados pelo Ministério da Saúde nos últimos quatro anos. As informações citadas pelo parlamentar não são falsas, mas tentam mascarar o descaso da última gestão diante das causas indígenas mais urgentes. 

O recorte de Flávio também não é descontextualizado: o senador divulgou os dados para rebater as recentes manchetes sobre a situação do povo yanomami, em Roraima, que teve ao menos 21 pedidos de ajuda ignorados pelo Governo Bolsonaro. Na última sexta-feira (20), o Ministério da Saúde do Governo Lula decretou emergência de saúde pública nas terras da etnia indígena, em virtude de uma reconhecida crise sanitária. 

Flávio utilizou a mesma justificativa que o pai. No último fim de semana, com um texto intitulado “Contra mais uma farsa da esquerda, a verdade”, o ex-presidente listou as ações que o seu governo teria realizado em prol dos povos indígenas. Em sua postagem, o senador ressaltou as medidas que foram feitas para proteger os povos indígenas nos quatro anos de gestão Bolsonaro. No entanto, assim como o pai, não citou a situação atual dos povos yanomami em Roraima.  

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Flávio ainda afirmou aos seus seguidores que esses dados podem ser consultados no site do Ministério da Saúde, mas insinuou que o atual governo pode apagar essas informações do portal. 

O Governo Bolsonaro e a causa indígena 

Com uma das gestões em Direitos Humanos mais controversas dos anos recentes do Planalto, o Governo Bolsonaro foi marcado por falas e ações que conflitaram os interesses dos povos indígenas pelo Brasil. Um dos pontos mais polêmicos foi a extinção do Conselho Fiscal e dos comitês regionais da Fundação Nacional do Índio (Funai), além da retirada das atribuições das frentes de proteção e das coordenações regionais e técnicas, do estatuto do órgão. 

A demarcação de terras indígenas é outro ponto sensível dentro dos direitos constitucionais dos povos originários. De acordo com a Agência Pública, o Governo Bolsonaro certificou 239 mil hectares de fazendas dentro de áreas indígenas. Em um relatório mais recente, feito pelo The Intercept Brasil, foi constatado que a última gestão ignorou ao menos 21 pedidos formais de ajuda aos yanomami. O levantamento tomou como base ofícios encaminhados por uma associação indígena a diversos órgãos, denunciando invasões de garimpeiros ao território indígena. 

 

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