Motociata, picanha e Nutella: outros gastos de Bolsonaro

Novo detalhamento, feito por agência de jornalismo investigativo, começou a ser divulgado nesta segunda-feira (23)

por Vitória Silva seg, 23/01/2023 - 12:20
Isác Nóbrega/PR O ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL) Isác Nóbrega/PR

Novos gastos do mandato de Jair Bolsonaro (PL) com o cartão corporativo do Planalto foram divulgados, nesta segunda-feira (23), pela agência Fiquem Sabendo. O veículo fez uma solicitação de acesso às notas fiscais do Governo Federal que, no balanço de gastos, divulgou apenas o valor total das compras e o CNPJ dos fornecedores. No novo detalhamento, surgem gastos com itens como Nutella, lápis de cor, panetones da Cacau Show e antidepressivos.



De acordo com a agência, até o momento, foram escaneadas cerca de 2,6 mil páginas de notas fiscais – 20% do total, com detalhes dos produtos comprados. Só existem cópias físicas desses documentos e o acesso foi liberado após recurso via Lei de Acesso à Informação (LAI - Lei n° 12.527). Os itens revelados correspondem apenas aos gastos do último mandato, em 2022.



Entre os gastos mais altos, estão os com combustíveis, associados aos dias de realização das “motociatas”, eventos com apoiadores e fora dos compromissos oficiais. O custo médio dos encontros foi de R$ 100 mil aos cofres públicos por meio do cartão corporativo, apontam notas fiscais apresentadas pelo Fiquem Sabendo.



Nas despesas do cartão corporativo não constam os gastos de combustível das aeronaves, custeados pela Força Área Brasileira (FAB). No entanto, os gastos com serviços de bordo na aeronave oficial ficaram na faixa de R$ 4 mil por viagem.







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Utilizada ironicamente por Bolsonaro e seus apoiadores para criticar os discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a picanha é um item que aparece em pelo menos 14 notas fiscais. Em 30 de março de 2019, por exemplo, o cartão corporativo de Bolsonaro autorizou um gasto de R$ 743,26 na carne de primeira. As notas fiscais mostram que, na maioria das vezes, era comprada mais de uma peça de carne por vez. Em 20 de fevereiro de 2019, foi feita a compra de duas peças de filé mignon no valor total de R$ 743,90.



As peças de filé mignon constam discriminadas em outras 67 notas fiscais. Há ainda 23 compras de pacotes camarão, 21 de bacalhau e 34 de Nutella. O cartão corporativo da Presidência também foi usado para compras de medicamentos, como o Rivotril, usado para o tratamento de depressão e ansiedade, e o antidepressivo Lexapro.



Antibióticos e remédios para o tratamento de úlceras gastrointestinais também aparecem entre os gastos. Bolsonaro, desde o episódio da facada, em 2018, sofre com questões do tipo. O valor total não foi detalhado.



Outros gastos com alimentação são discriminados, totalizando, por exemplo, R$ 8,6 mil em sorveterias e R$ 408 mil em peixarias, além de R$ 581 mil em padarias.

 

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