Medo afetou voto de pessoas negras LGBTQIAP+, diz pesquisa

A apreensão era diretamente relacionada com o tom agressivo adotado por apoiadores radicais do ex-presidente Bolsonaro contra a comunidade LGBTQIAP+

por Guilherme Gusmão qui, 30/03/2023 - 19:32
Leopoldo Silva/Agência Senado A pesquisa foi elaborada pelo Data Labe Leopoldo Silva/Agência Senado

A forte violência política presente nas eleições de 2022, afetou o voto de pessoas negras LGBTQIAP+. É o que aponta um levantamento realizado pelo Data Labe, laboratório de dados e narrativas na favela da Maré (RJ). A pesquisa foi realizada na cidade do Rio de Janeiro entre os meses de setembro e dezembro do ano passado.

Na disputa do segundo turno entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL), entrevistados relataram que não compareceriam nas zonas de votação devido os seus receios em ter que enfrentar atos violentos. A apreensão era diretamente relacionada com o tom agressivo adotado por apoiadores do ex-presidente contra a comunidade LGBTQIAP+.

O estudo identificou que 98% das pessoas negras LGBTQIAP+ entrevistadas relataram ter sofrido violência de raça e gênero, além do contato direto com o discurso de ódio.

Cerca de 55% dos participantes sentiram que os discurso de ódio e ataques preconceituosos acontecem com maior frequência durante o período eleitoral. Eles  também destacaram o discurso preconceituoso dos apoiadores mais radicais de Bolsonaro, assim como uma publicação de agosto de 2022 da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), atacando as religiões de matrizes africana.

No total, a pesquisa com o título Análise do Ecossistema da Informação (IEA) conseguiu obter 175 respostas, mas apenas 139 fizeram parte do resultado. Alguns formulários foram preenchidos por indígenas e brancos, então foram desconsiderados.

A metodologia usada englobou grupos focais, entrevistas, bibliografias e questionários que considerassem a pluralidade do grupo. O levantamento teve uma maior participação de mulheres cisgêneras bissexuais.

A maior parte dos entrevistados tem alto nível de escolaridade, porém apenas 45% dos respondentes afirmaram receber até R$ 1.212,00 por mês.

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