Navegar para conhecer: a inclusão através da informática

Projeto do Centro de Atenção Psicossocial Nise da Silveira (Caps) pretende ressocializar pacientes através da informática

por Nathália Guimarães qua, 18/12/2013 - 13:41

Dar uma nova vida às pessoas que possuem transtornos mentais. Essa é a frase que rege o projeto "Navegar para Conhecer", desenvolvido pelo Centro de Atenção Psicossocial Nise da Silveira (Caps), localizado em Rio Doce, Olinda. Através dos cliques do mouse e do som das teclas, jovens, adultos e idosos aprendem uma nova maneira de se incluir na sociedade, já que, por trás das telas dos computadores, todos são iguais.

As aulas serão ministradas a partir de janeiro em uma sala com onze computadores que foram doados pelo Centro de Recondicionamento de Computadores do Recife (CRC). Apesar de parecerem simples à primeira vista, através deles, os pacientes do Caps aprenderão noções de datilografia, a navegar na internet e também a utilizar programas, como o Paint, por exemplo.

E os pacientes do núcleo estão animados com a oportunidade. Para o estudante Rafael Viana, de 18 anos, a esquizofrenia, que, muitas vezes, atrapalha suas atividades cotidianas, não será um obstáculo quando ele quiser acessar a internet para acompanhar as notícias do seu campeonato de futebol favorito, a Champions League.

“Também adoro usar o computador para pesquisar assuntos sobre história. Outra coisa que gosto é baixar jogos pela internet. Eu estou muito animado e sei que mexer no computador vai me ajudar no futuro”, prevê o jovem. Ele, que possui uma curiosidade natural sobre o tema tecnológico, afirma que ainda não sabe transferir dados do computador para dispositivos USB. “Essa será uma das minhas perguntas no primeiro dia de aula”, ressalta.

Já Laudiceia Maria, 52, que sofre de depressão, conta que pretende utilizar as aulas para aprofundar seus conhecimentos sobre política e enviar mensagens para parentes e amigos. “Um dos meus sonhos era aprender a utilizar um computador e eu consegui isso. Agora, quero aprofundar meus conhecimentos e pretendo aproveitar esse projeto para isso, não vou perder nenhuma aula”, pontua Laudiceia.

E o projeto também engloba pacientes que nunca tiveram a chance de manusear um computador. Para alguns, como o aposentado Rinaldo Avelino, que, aos 61 anos, nunca teve a oportunidade de estar à frente de uma tela, a internet ainda é um mundo inexplorado, mas nunca é tarde para aprender. “Não tenho nem ideia do que posso aprender. Sei que será um mundo novo, que vou me ocupar com uma nova coisa e isso me anima”, afirma.

A expectativa dos futuros alunos é reforçada pela positividade da gerente do Caps e idealizadora do projeto, Silvia Lyra. Segundo ela, esta é uma maneira de trazê-los para uma realidade diferente da terapia. “Dentro da informática trabalhamos arte, concentração e coordenação motora. Com isso, eles vão fazer uma viagem no mundo do conhecimento e vão aprender a potencializar seus interesses pessoais, podendo até realizar pesquisas sobre suas respectivas doenças para entendê-las melhor e entender a si mesmos”, finaliza. 

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