Bitcoin: longe da Natureza e da taxação de impostos

O maior entrave quanto a regulamentação da criptomoeda se refere à dificuldade do Governo em taxar as transações. Por outro lado, o processo de mineração do Bitcoin esbarra na política de sustentabilidade

por Victor Gouveia sex, 11/06/2021 - 13:11
Júlio Gomes/LeiaJáImagens Exchange com dados em tempo real sobre o bitcoin Júlio Gomes/LeiaJáImagens

No centro da discussão sobre a regulamentação do Bitcoin (BTC) estão El Salvador e a China. De um lado, o país da América Central foi o primeiro a adotar oficialmente a criptomoeda. Do outro, os asiáticos, que suspenderam a mineração e bloquearam as exchanges que operam no país. Entre os pontos de divergência, a falta de rastreabilidade e questões de sustentabilidade são discutidos e travam a ampliação das transações.

As criptomoedas são obtidas através do processo de mineração que, através das 'fazendas' de computadores, consome quantidades enormes de energia elétrica para que as máquinas realizem cálculos complexos. O estudo Cambridge Bitcoin Electricity Consumption Index aponta que a rede do BTC consome cerca de 121,36 terawatt-hora (TWh) ao ano, ou seja, gasta mais do que países inteiros como Argentina, Noruega e Paquistão.

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As fontes de energia mais utilizadas, como as atividades das hidrelétricas, usinas nucleares e termoelétricas, não são renováveis e ainda prejudicam o Meio Ambiente. Por isso, o CEO da Tesla e um dos homens mais ricos do mundo, o bilionário Elon Musk, recuou sobre a compra dos seus veículos com bitcoin.

Longe das taxas tributárias do Estado

As principais fazendas de mineração ficam na China, que tem o carvão como principal matriz energética. Nesta semana, o país interrompeu a mineração do BTC em Xinjiang e bloqueou a movimentação nas exchanges. Embora a motivação indique um reforço a proteção do Meio Ambiente, a verdadeira justificativa pode ser a falta de controle para cobrança de impostos das criptomoedas.

Especialista em contabilidade financeira Alexandro Werner em entrevista ao LeiaJá. Foto: Júlio Gomes/Leiajá Imagens

"O dinheiro está circulando lá [na exchange] e ainda não voltou para sua conta. Enquanto ele não voltar, o Governo não consegue ter rastreabilidade. Se você tem ganho financeiro, ele não vai ter recolhimento de nada", explica o especialista em contabilidade financeira Alexandro Werner.

O ataque de hackers as exchanges são inevitáveis, mas a tecnologia para evitar furos na criptografia é constantemente atualizada. Desse modo, investidores garantem que não temem as investidas contra seus investimentos guardados nas 'carteiras digitais'.

"As negativas desses países muitas vezes são por uma reserva de mercado e a insegurança ‘de onde está o dinheiro e com quem?', porque as transações entre moedas ainda não têm lastro", aponta Werner.

Sistema seguro

O fato é que o mercado de criptomoedas movimenta trilhões de dólares e já se consolidou com mais de 5.605 opções de ativos. Ele é mantido pelo sistema blockchain, que confere segurança aos usuários e permite rastrear tanto o envio, quanto o recebimento, de informações através de "pedaços de código" gerados online.

O processo pode ser descrito como uma cadeira de blocos no qual cada um contém uma hash - função matemática que pega uma mensagem ou arquivo e gera um código com letras e números que representa os dados enviados. Ele garante que as informações desse bloco não sejam violadas. Cada bloco tem uma hash que se conecta a anterior e cria uma conexão entre quem vende e quem compra.

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