Apesar dos tablets, ainda há muito o que fazer

Idealizador de projeto de robótica em escola estadual reclama da falta de apoio do poder publico para a manutenção das aulas

por Nathan Santos sab, 28/07/2012 - 09:25

O Governo do Estado de Pernambuco, na intenção de proporcionar inclusão digital para os estudantes da rede pública de ensino, distribuiu tablets para vários alunos, que serão usados por eles como ferramenta pedagógica. A Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Apolônio Sales, localizada no bairro do Ibura, na Zona Sul do Recife, foi uma das instituições contempladas. No início dessa semana, mais de 200 alunos do ensino médio da escola receberam do governador do Estado, Eduardo Campos, e do secretário de educação, Anderson Gomes, mais de 200 equipamentos.

Desde o ano de 2010, é desenvolvido um projeto de robótica na escola, considerado um dos primeiros em escolas públicas, e destacado como referência na relação entre educação e tecnologia. Apesar da distribuição dos tablets, o idealizador do projeto na Apolônio Sales, o professor Lelino Pontes, critica que a escola ainda precisa de recursos para manter da melhor forma possível as atividades ligadas à robótica.



“O nosso grande problema são os recursos financeiros. O que ainda mantém o projeto é a ajuda de voluntários. Temos até que vender canecas para manter as aulas”, revela Pontes. O professor conta que já enviou inúmeros documentos para a Secretaria de Educação de Pernambuco (SE) na intenção de pedir ajuda. De acordo com ele, até o momento não houve nenhum tipo de apoio financeiro para que o projeto continue.



As aulas contam com mais de 15 alunos e, segundo o professor, não há a possibilidade de participarem mais pessoas pela falta de recursos. Os estudantes já participaram de várias competições de robótica, disputando com escolas da rede privada de destaque no segmento. Mesmo assim, a Apolônio Sales sempre se destaca. “Ainda falta muito para que as aulas fiquem do jeito que a gente quer. Os alunos não podem almoçar nos dias dos cursos, aos sábados, porque não há alimentação na escola, e em dia de competição não tem transporte”, reclama Pontes.



A professora de inglês da escola, Gabriela Calado, também participa do projeto. “No estudo da robótica é necessário o conhecimento do inglês. Nós trabalhamos de forma interdisciplinar, em que praticamos o idioma dentro das aulas de robótica”, explica a professora. Nos encontros, disciplinas como física e matemática são identificadas com facilidade pelos participantes, ocasionando a prática delas na construção dos robôs.



O fato curioso é que a robótica ajuda também nas matérias da área de humanas. De acordo com a professora de história, Nathuza da Silva, as aulas de robótica influenciam positivamente as de história. “Eles têm mais autonomia e conseguem tomar decisões com mais rapidez. Há um preparo em que é trabalhado o espírito em equipe. Para a área de humanas, o senso crítico deles é muito importante, e a robótica ajuda muito nesse aspecto”, diz Nathuza. “Você começa com robótica e termina com literatura”, completa Gabriela Calado.



Uma das alunas do projeto é Fabiola Marques, de 14 anos, estudante do primeiro ano do ensino médio da escola. Ela destaca que quem participa das aulas de robótica consegue aprender bastante. “Nós aumentamos a nossa criatividade, aperfeiçoamos o nosso senso lógico, e ainda melhoramos as nossas outras disciplinas”, comenta Fabiola.    

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