Eles não são jogadores, mas lucram com o futebol

Ambulantes vendem produtos de todos os tipos em dia de jogos, gerando lucro. Prefeitura quer controlar o comércio, porém, ainda não conseguiu

por Nathan Santos dom, 14/04/2013 - 16:11
Clélio Tomaz/LeiaJáImagens São vendidos todos os tipos de produtos ao redor dos estádios Clélio Tomaz/LeiaJáImagens

Tarde de domingo, dia ensolarado, cidade movimentada. Esse parece ser o cenário perfeito de uma partida de futebol para muitos brasileiros. A emoção toma conta dos torcedores que lotam os estádios, as ruas ficam coloridas com as cores dos times e o grande público se espalha pelas vias próximas aos campos antes dos jogos começarem. Diante dessa demanda de espectadores, vários ambulantes aproveitam para ganhar dinheiro no entorno dos clubes, oferecendo uma variedade de produtos.

Camisas dos clubes, bandeiras, objetos alusivos aos times são algumas das mercadorias oferecidas pelos vendedores. Também não podem faltar alimentação e bebida, como os tradicionais espetinhos, o cachorro quente, salgados, bem como refrigerante e cerveja. Essa última “faz a alegria” da torcida, porém, fora dos estádios pernambucanos, uma vez que é proibido o consumo de bebida alcoólica dentro dos estádios.

Próximo ao Arruda, localizado no bairro de mesmo nome, na Zona Norte do Recife, esse contexto ocorre de uma forma bem mais abrangente. Na tarde deste domingo (14), Santa Cruz e Sport, times de maiores torcidas da cidade, jogam pela última rodada do segundo turno do Campeonato Pernambucano. De fato, é um dia especial para os torcedores e, principalmente, para os ambulantes, que estimam um número bem maior de vendas, em comparação a outras partidas. Jorge Alex Ribeiro, de 38 anos, comercializa “cobras de pelúcia” do Santa Cruz, em alusão ao mascote do clube tricolor. “Há dois anos já trabalho com isso. Em dia de clássico, chegou a vender em torno de 40 mercadorias”, contou. Segundo o comerciante, os preços variam de R$ 10 a R$ 20. “Meu lucro é de R$ 30 a cada jogo”, complementa o ambulante.

Tempo maior de vendas tem Flávio Tavares, 47. Há 15 anos ele comercializa camisas e bandeiras dos clubes. “Tenho esse trabalhado com uma renda extra. Os jogos de futebol nos rendem muito lucro. As bandeiras custam R$ 10 e as camisas R$ 20. Por jogo, consigo vender 30 unidades, tanto de bandeiras, como de camisas”, disse Tavares. Já Ronaldo Pessoa, 43, que atua como ambulante há também 15 anos, reclamou das vendas. “Depois que a prefeitura começou a fiscalizar o nosso trabalho, as vendas caíram em cerca de 60%. Acho isso muito errado”, criticou.

Por morar na Rua das Moças, bem próximo ao estádio do Arruda, Breno Muller, 22, aproveitou para montar um comércio de “espetinho” e bebidas em frente a sua residência. O comerciante já tua há três meses e aprova as vendas. “Em dia de jogo as vendas aumentam muito. É uma atividade muito boa e gera lucro”, falou.

Fiscalização

De acordo com a Diretoria de Controle Urbano do Recife (Dircon), órgão vinculado a Prefeitura da cidade, não existe cadastro e nem um levantamento de quantos ambulantes atuam em dias de jogos. Os únicos cadastros que existem são de comerciantes informais que trabalham em locais fixos, porém, que são minoria no entorno dos estádios.

Ainda segundo a Dircon, também não há se quer uma autorização para a atuação dos trabalhadores, no entanto, a Diretoria garante que é feito um disciplinamento nos dias de realização das partidas. O objetivo é facilitar a mobilidade, tanto das pessoas, quanto dos veículos. Porém, esse disciplinamento não está funcionando da forma correta.

Segundo a Dircon, desde o dia 23 de fevereiro deste ano, a Secretaria-Executiva de Controle Urbano (Secon), órgão também vinculado à Prefeitura, proibiu o trabalho dos vendedores ambulantes nas proximidades dos estádios Eládio de Barros Carvalho (Aflitos), Adelmar da Costa Carvalho (Ilha do Retiro) e José do Rêgo Maciel (Arruda), todos localizados na capital pernambucana. De acordo com a Diretoria, o perímetro de proibição é de, pelo menos, 500 metros do entorno dos estádios. Entretanto, nossa reportagem flagrou vários comerciantes que ultrapassaram esse limite, chegando muitas vezes a oferecer seus produtos próximos a entrada dos torcedores pelas catracas.

Mesmo depois do apito final dos jogos, os ambulantes continuam em atuação próximo aos estádios, esperando sair a grande massa de torcedores para consumir as mercadorias. Geralmente, os preços dos produtos diminuem após o término dos jogos, na intenção que não aconteça desperdício.

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