Inep mantém silêncio sobre o Enem 2017

Segundo o Instituto, não haverá pronunciamento oficial sobre o futuro do Exame antes da edição 2016. Com a chegada do novo ensino médio, comunidade escolar passou a cogitar mudanças na prova

por Nathan Santos sex, 30/09/2016 - 18:07
Elza Fiuza/Agência Brasil Ministro Mendonça Filho e a presidente do Inep, Maria Inês Fini, estão estudando mudanças no Enem Elza Fiuza/Agência Brasil

Polêmica, a medida provisória do novo ensino médio já rende debates em diversos grupos sociais. Um ponto específico da proposta, em que o aluno poderá escolher qual área do conhecimento seguirá, gerou indagações sobre os moldes atuais do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Da forma como é feita hoje, a prova contempla várias áreas, em que o candidato deve responder as questões de todas elas e não passa por uma avaliação específica.

Se o novo ensino médio colocar em prática a possibilidade de o aluno escolher uma área específica do conhecimento, a partir do segundo semestre do segundo ano, consequentemente o estudante ficará menos munido de informações para responder as disciplinas deixadas de lado. Nessa conjuntura, o Enem continuará abordando todas as matérias do jeito que acontece hoje? De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela organização do Exame, a resposta não deve sair antes antes de novembro.

Apesar de declarar que Enem 2017 precisa passar por alterações, enfatizando que a prova deve deixar de só servir como meio de ingresso no ensino superior, a presidente do Inep, Maria Inês Fini, ainda não emitiu um posicionamento mais claro sobre a futura edição do exame. Nem mesmo o anúncio do novo ensino médio a fez divulgar qualquer tipo de alteração. A assessoria de imprensa do Inep informou ao LeiaJá que apenas haverá um pronunciamento acerca do futuro da prova após a edição 2016.

De acordo com a assessoria, o foco atual do Inep é a prova deste ano. A edição 2016, segundo o Ministério da Educação (MEC), está livre de qualquer alteração. Mas vale lembrar a ideia de Maria Inês sobre o atual modelo do Enem: “O Exame não pode continuar sendo, com essa envergadura, um Exame de seleção nacional para o ensino superior, o que a gente quer é um exame que qualifique o desempenho e inclua todos, em que os jovens não percam as vantagens que já obtiveram os resultados do Enem, mas que ao mesmo tempo possa sinalizar para o ensino médio mudanças significativas ou aprofundamento de currículo”.

O que dizem os professores?

O professor de geografia e um dos sócios do curso Os Caras de Pau, Charliton Soares, acredita que o Enem deve trazer abordagens diferentes já na prova de 2017. Por outro lado, o docente projeta que, no próximo ano, as áreas cobradas atualmente serão mantidas em dois dias de provas, sem a necessidade de avaliação específica conforme o interesse de cada fera. Atualmente, os segmentos cobrados são os seguintes: Linguagens, códigos e suas tecnologias, que abrange o conteúdo de Língua Portuguesa (Gramática e Interpretação de Texto), Língua Estrangeira Moderna, Literatura, Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação; Matemática e suas tecnologias; Ciências da Natureza e suas tecnologias, que abrange os conteúdos de Química, Física e Biologia; Ciências Humanas e suas tecnologias, que abrange os conteúdos de Geografia, História, Filosofia, Sociologia e conhecimentos gerais.

Para Soares, o Enem deixará de ter questões de cunho social que instiguem o ser pensador, e passará a trabalhar assuntos específicos de todas as matérias cobradas. “Como o Enem é uma prova governamental, e levando em consideração o atual governo de direita, não deveremos ter algo que seja voltado para a reflexão da sociedade. A gente vinha numa pegada de inclusão social, com o passado governo de esquerda. Ainda sobre o próximo ano, ainda não acredito que a prova será dividida em disciplinas escolhidas pelo candidato”, opina o professor.

Já o professor Fernando Beltrão, do curso “Fernandinho e Cia”, entende que é praticamente impossível fazer um prognóstico agora. De acordo com o educador, a forma como o governo lançou o novo ensino médio é cheia de dúvidas e ainda não traz ações claras e concretas que possam basear as escolas e cursinhos preparatórios que trabalham para o Enem. Beltrão orienta que os candidatos continuem estudando pensando no atual modelo do Enem. “É preciso continuar estudando normalmente. O foco é nas habilidades e competências que o Enem já pede. Eu não vejo motivo para preocupação, porque não há nada de concreto para um curto prazo e nem para longo prazo”, diz o professor.

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