Realizando ideias: a importância da inovação nos negócios

Capacidade de transformar o conhecimento em iniciativas e de adaptação da empresa às mudanças no meio de atuação onde ela se insere é fundamental

por Lara Tôrres sex, 18/08/2017 - 16:00

Para ter sucesso e conseguir manter uma empresa a longo prazo, a habilidade de transformar os conhecimentos em atitudes e a capacidade de perceber as mudanças na sociedade e no meio de atuação da empresa que podem afetar o seu funcionamento são características essenciais. A atitude de saber as mudanças necessárias a implementar na empresa e torná-las realidade se chama inovação, e tem um papel crucial no trabalho de empregados, chefes, empreendedores e líderes de companhias. O LeiaJá ouviu um especialista e um empreendedor que promoveu inovações em sua empresa para explicar a importância da inovação para o sucesso dos negócios. 

O que é inovação?

Como explicou o consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) de Pernambuco, João Paulo Andrade, a aceleração das transformações tecnológicas e de hábitos de consumo faz com que hoje a capacidade de inovar tenha ainda mais importância do que no passado. De acordo com ele, o aumento no fluxo de informações faz com que tanto concorrentes quanto consumidores tenham maior poder de decisão e barganha, tornando essencial a capacidade de aprimorar rapidamente o serviço oferecido.

“O fluxo de informações é maior e isso dá ao consumidor mais poder de decisão. Antes esse poder era maior para a empresa, hoje o consumidor, mais informado, negocia melhor e isso força as empresas a buscar a adaptação e inovação para não ser mais do mesmo, tem que inovar. Hoje o mercado não dá valor somente a conhecimento, mas muito mais a comportamento e habilidades de aplicar o repertório de conhecimento que o profissional tem. Inovação é aplicação de um conhecimento, é a retirada de uma ideia da cabeça”, explica ele. 

Adaptabilidade também é um fator decisivo 

O sucesso de uma empresa inovadora também depende da sua capacidade de se adaptar às mudanças que surgem ou, do contrário, ficar para trás, perder espaço e, em casos extremos, falir. O consultor João Paulo cita como exemplo a Kodak, empresa que já foi uma gigante no ramo da fotografia mas ficou para trás por não ter sido capaz de se adaptar às mudanças de consumo do público diante do surgimento de uma nova tecnologia. 

“A Kodak, por exemplo, não conseguiu se adaptar, ficou na fotografia analógica e se tornou irrelevante mesmo tendo sido uma gigante no passado. Quem não muda fica para trás, vemos isso com Airbnb, Uber, Netflix, Spotify, entre outras empresas inovadoras em tecnologias e modelos de negócios, cobrar pelo serviço de assinatura e não pela música é um exemplo. A inovação não tem que ser radical, ela tem vários tipos, pode incrementar ou mudar tudo, depende da necessidade da empresa”, explica o especialista. 

É preciso ter um diferencial para conquistar clientes

Os novos empreendedores precisam explorar a capacidade de mudança de hábitos de consumo dos clientes em potencial, pois como lembra o consultor João Paulo, os clientes precisam de um bom motivo para passar a consumir os produtos e serviço de uma nova marca. 

“O Sebrae bate muito na inovação para que se conquiste clientes, para que eles deixem de consumir as marcas que já estão aí para consumir a sua, que tem que ter um diferencial. Para quem já tem uma empresa, o SebraeTec ajuda com serviços de apoio à inovação”, explica João Paulo.

Criatividade sozinha não basta

Para conseguir inovar, é preciso ter e estimular a criatividade tanto dos líderes da empresa quanto de seus funcionário. No entanto, João Paulo alerta que a criatividade por si só não gera inovação. 

“Criatividade nem sempre se transforma em inovação nos negócios, ela tem que sair do plano das ideias. A ideia vira um protótipo, que se for economicamente viável e mercadologicamente rentável, a invenção vira inovação, que é a geração de valor através de uma ideia”, destaca o consultor. 

O que fazer para que boas ideias não se percam? 

O consultor João Paulo Andrade explica que a inovação tem várias etapas e que ela precisa ser estimulada em vários níveis da empresa. O primeiro passo, de acordo com ele, é que o empreendedor esteja atento ao ambiente que rodeia os negócios da sua empresa. 

“Ligar o radar, estar atento a mudanças no ambiente, desenvolver senso crítico para interpretar as mudanças e seus impactos, e como isso pode ajudar ou interferir agora ou em breve no negócio. Se for impactar, é preciso inovar. Uma nova lei, uma nova tecnologia, um novo serviço, podem ser sinais de que é preciso se adaptar. É preciso se antecipar às mudanças ou causá-las, não apenas seguir o fluxo. Pesquisar, analisar ambientes, entender os impactos e oportunidades é preciso”, explica o especialista. 

Para fazer com que toda a empresa se envolva no processo de inovação, é preciso também ter funcionários com diversos repertórios de conhecimento, em diversas áreas, e permitir que eles se comuniquem e pensem juntos para ter e amadurecer ideias em conjunto. Segundo João Paulo, “É preciso ter reuniões, brainstormings, dar liberdade para que ninguém tenha medo de julgamento, definir práticas para a geração de ideias, acesso e canais para ouvir os colaboradores. Criar um ambiente físico que facilita conexões neurais, conectar ideias, e também conectar pessoas com diferentes repertórios. O espaço tem que propiciar a conexão, lugares sem barreiras, unindo pessoas de diferentes áreas de conhecimento se cria ideias diversas e inovadoras”. 

Patrocinar a ideia, ou seja, não desistir a princípio porque parece impossível de realizar sem dar tempo para que o projeto amadureça e se desenvolva, também é uma atitude necessária para que a empresa não fique estagnada. “A inovação é frágil no início então ela tem que ser patrocinada tendo tempo para ser amadurecida e testada. Quando alguém tem uma ideia não devemos descartar imediatamente mesmo que ela pareça absurda. É preciso proteger, patrocinar a ideia”, ressaltou João Paulo. 

Exemplo de sucesso 

Bruno Muniz abriu uma empresa, a Confeitaria Copacabana, para vender bolo de rolo, que é uma iguaria típica da região nordeste do brasil, há três anos. Desde a inauguração, quando se associou ao seu irmão, até hoje, ele conta que tudo mudou. De acordo com Bruno, a necessidade de inovar foi sentida através da observação no dia a dia e da inspiração em marcas já consolidadas no mercado. Ele conta que, com auxílio de profissionais do Sebrae, implementou mudanças desde a capacitação de funcionários até o design da marca.

“Promovemos cursos de capacitação para todos os funcionários em manipulação de alimentos e prática de vendas. Também elaboramos um novo layout da marca e das embalagens para os produtos, dando uma nova cara e qualificação interna e externa aos olhos do público”, explica Bruno. 

O resultado, segundo Bruno, foi positivo e veio nas vendas e trouxe aumento no percentual de lucro. “Com uma melhor organização interna na produção a gestão também foi otimizada. As melhorias estéticas e visual dos produtos, trouxeram mais clientes e aumentamos os números de vendas”, conclui ele. 

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