PF investiga tentativa de fraude no Enem em Pernambuco

Ordem de condução coercitiva ocorreu em São José do Egito, no sertão pernambucano

por Marília Parente dom, 12/11/2017 - 21:45
Marília Parente/LeiaJáImagens Segundo o delegado Renato Madsen, operação investiga 31 suspeitos de 13 estados Marília Parente/LeiaJáImagens

Na tarde deste domingo (12), a Polícia Federal cumpriu ordem de condução coercitiva de um suspeito de fraudar a edição deste ano do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), na cidade de São José do Egito, no Sertão do Pajeú pernambucano. O candidato foi ouvido e liberado pela Delegacia Federal de Patos, na Paraíba, devido à sua proximidade com a ocorrência, e pode integrar uma quadrilha interessada em trapacear aprovações, a partir da realização dos testes por especialistas, chamados de "pilotos". Eles que estariam tranferindo as respostas a clientes em locais de prova. 

A ação faz parte da "Operação Passe Fácil", deflagrada hoje, com o objetivo de coibir esquemas de fraude no Enem. Outras 30 ordens de condução coercitiva e busca e apreensão estão sendo cumpridas em mais 12 estados do país (BA, CE,ES, GO, MA, MG, MT, PA, PI, PR, RN e SP).

De acordo com o delegado regional de combate ao crime organizado, Renato Madsen, a operação investiga 31 suspeitos, que não devem integrar uma mesma organização criminosa. "Estamos analisando várias quadrilhas, provavelmente três ou quatro, ainda não identificamos nenhum elo entre elas. Possivelmente, elas já trabalham com fraudes de outros concursos há mais tempo", afirma. O delegado acredita as respostas da prova eram transferidas por meio de escutas e até gabaritos deixados no banheiro do local de prova. "Com auxilio incial do Inep, percebemos que alguns dos suspeitos eram alunos que já haviam sido aprovados em cursos como medicina e engenharia, outros já eram inclusive professores. Eles podem ter sido usados como 'pilotos' para repassar respostas. Vimos que essas pessoas possuiam gabaritos semelhantes", conclui. As tentativas de fraude aconteceram neste domingo, último dia do Enem. 

Madsen explica que a investigação está em sua segunda fase. "Agora vamos reunir todos os elementos e oitivas feitas, extrair dados, conversas e ligações dos celulares que apreendemos para daí irmos fechando os links. Não houve prejuízo ao processo de aplicação do Enem, pois não estamos investigando o exame, mas alguns candidatos", comenta. O delegado enaltece ainda a metodologia utilizada pela Polícia Federal nas ações deste domingo. "Para não prejudicar os demais candidatos, nem gerar alarde nos locais de prova, garantimos que os suspeitos concluíssem a prova e realizamos as abordagens nos locais de prova, quando eles terminaram", finaliza. 

Os crimes investigados pela "Operação Passe Fácil" são estelionato (artigo 171, § 3º), uso de documento falso (artigo 304), fraudes em certames de interesse público (e 311-a) eassociação criminosa (Artigo 2º da lei nº 12.850/13). As penas para tais delitos ultrapassam os 25 anos de reclusão.

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