'Só o ensino médio importa?', questiona diretor do Sinepe
Arnaldo Mendonça cobra que o Governo de Pernambuco autorize também o retorno das aulas nos ensinos infantil e fundamental
O Governo de Pernambuco, nesta segunda-feira (21), anunciou a retomada das aulas presenciais para as escolas estaduais e privadas do Estado. Para o diretor executivo do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino (Sinepe), Arnaldo Mendonça, a atitude da gestão em autorizar o retorno das aulas presenciais apenas para o ensino médio demonstra descaso do poder público com a educação.
Arnaldo também questionou o não posicionamento quanto à retomada para os ensinos infantil e fundamental. Em entrevista ao LeiaJá, o diretor do Sinepe comenta que “o sentimento é de indignação, frustração e revolta”.
“Em Pernambuco, na educação básica tem 2.232.000 alunos; o ensino médio tem apenas 335 mil, juntando as redes públicas e privadas. O terceiro ano representa 5% da educação básica, na semana seguinte abre o segundo ano que é mais 5%, e na última semana, 20 de outubro, abre primeiro o ano do ensino médio que é mais 5%. Quando falo 5% na verdade é metade presencial e metade on-line, o que significa que daqui para a última semana de outubro, em Pernambuco, só estão autorizados 7,5% dos alunos a frequentar a escola”, esclareceu o diretor do Sinepe.
O diretor ainda disse ao LeiaJá que se a família quer continuar no ensino remoto não há nenhum problema, o que não pode é um "descaso" como este. "Não temos nenhum calendário com a perspectiva de abertura para a educação infantil que poderia abrir junto com o ensino médio. Os alunos do ensino infantil não têm nenhum contato com os estudantes do ensino médio. O espaço, a entrada, o intervalo e o horário são diferentes na escola, então não há risco de contágio nenhum de um grupo para o outro”, ressaltou Arnaldo.
“No momento em que não de seu nenhum calendário para o ensino infantil e fundamental, os prefeitos e o Governo do Estado estão assumindo que perderam o ano letivo de 2020”, disse Arnaldo. “Se as aulas foram suspensas no dia 18 de março, os alunos tiveram um mês de aula em 2020. Depois disso a grande maioria das redes municipais não está funcionando remotamente, o que estão fazendo é garantindo a merenda através de cesta básica que está sendo entregue nas residências dos alunos, sabemos que isto está sendo generalizado, principalmente no interior de Pernambuco, e nada de aula”, acrescentou.
Arnaldo ainda pontuou que o Sindicato apresentou uma proposta para o Governo do Estado para que as aulas presenciais fossem retomadas em 21 de julho de 2020. O diretor ainda questionou que a única justificativa que se deu é pelo fato de que esses alunos irão fazer o Enem.
“Hora, será que para um aluno só interessa o Enem? Será que o aluno que estuda educação infantil e ensino fundamental não tem compromisso com a educação, com a formação? Será que as prefeituras das cidades dos interiores de Pernambuco e até na capital estão dando aulas on-line todos os dias para todos os alunos? Tenho a impressão que não, pelo menos não é esta informação que temos”, disse.
“Desde o início, a nossa proposta não é de obrigar ninguém a ir para a escola, mas é de respeitar o direito da família e dos alunos que querem, confiam e precisam levar os filhos para a escola. Muitas pessoas dizem que são contra a abertura das escolas, eu digo: olhe, o pai ou a mãe tem o direito de não levar o seu filho para a escola, mas eu não entendo como direito proibir que o vizinho leve, pois, a partir do momento que você trabalha contra a abertura da escola, você está negando o direito do colega do seu filho de ir para a escola que é um direito constitucional”, acrescentou Arnaldo.
O LeiaJá também entrou em contato com a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE-PE) para saber se há alguma articulação em andamento ou previsão de retorno dos ensinos presenciais para a educação infantil e fundamental para este ano. Confira a resposta: "A Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE-PE) informou que o ensino fundamental e educação infantil seguem com as aulas suspensas e sem definição de retorno".