Abstenções podem diminuir ponto de corte no Sisu?
Professores de matemática explicam que há probabilidade, no entanto não há garantias para que ocorra a diminuição da nota de corte no Sistema de Seleção Unificada (Sisu)
Com um registro recorde de 51,5% de abstenção no primeiro dia de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, os estudantes passam a acreditar que a nota de corte pode diminuir no Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Ao LeiaJá, professores de matemática explicam que há probabilidade, no entanto, não há garantias para que ocorra a diminuição da nota de corte.
O professor de matemática Caio Britto explica que mesmo diante desse recorde de abstenções, a nota de corte pode ser a mesma. “A nota não é diretamente dependente da quantidade de pessoas que fazem a prova, então a abstenção não necessariamente reduz ou aumenta a nota de corte”, pontuou o docente. “Além de que provavelmente as pessoas que mais se preparam são minoria dentre os absenteístas”, completou.
Nesse sentido, o docente de matemática Ricardo Rocha, traz uma análise simples de como funciona a nota de corte. “A nota de corte depende da maior nota que tem [no curso escolhido pelo candidato]. Então, independente da quantidade de inscritos ou de abstenção que tiver, se os que fizerem a prova, tiverem a nota muito alta, ainda a nota de corte continua sendo alta”, elucidou Rocha.
"Se a pessoa quer uma vaga e se tiver dez mil pessoas inscritas, aí a probabilidade é uma em dez mil. Se eu diminuir para cinco mil [concorrentes], a metade das pessoas que diminuem 51% de abstenção, aí isso quer dizer que vai ser a probabilidade de um para cinco mil. Então, eu tenho mais chance de ser aprovado, porque tem o menor número de estudantes para poder fazer a prova”, emendou o professor de matemática Ricardo Rocha.
Para ambos os docentes, o que pode causar a diminuição da nota de corte na edição 2020 do Enem é, justamente, o período atípico em que vivemos com a pandemia da Covid-19.
Devido ao risco de contágio nas salas de aplicação da prova, que tiveram ocupação de 80%, ou seja, acima do previsto pelo Ministério da Educação (50%), muitos participantes desistiram de realizar o Exame. Além desse motivo, outro fator pode ser considerado, pois os alunos foram barrados, por conta da superlotação das salas.
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