Mulheres fazem e consomem HQ's em busca de identidade

Número de meninas produzindo e consumindo quadrinhos está crescendo no país. A editora da Marvel, Carol Pimentel, é uma das representantes dessa frente

por Paula Brasileiro sab, 14/10/2017 - 19:54
Rafael bandeira/LeiaJáImagens A editora Carol Pimentel 'faz frente' no movimento das meninas quadrinistas Rafael bandeira/LeiaJáImagens

Se engana quem pensa que quadrinhos são coisas só para meninos. É grande o número de mulheres que produzem HQ’s no Brasil e, sobretudo, grande é o número de meninas que os consomem. E, para derrubar uma cultura ainda machista que ronda esse mercado, e produzir conteúdo com o qual elas possam se identificar, muitas são aquelas que trabalham a favor desse movimento. A editora da Marvel, Carol Pimentel, é uma delas. Ela esteve na 11ª Bienal Internacional do Livro de Pernambuco neste sábado (14) e falou ao LeiaJá.com sobre mudança de paradigmas e abertura de nichos.

Trabalhando há quatro anos na editoria da Marvel, Carol é a única mulher numa equipe de 16 homens. Ela garante não ter problemas em seu local de trabalho mas revela que o mercado dos quadrinhos ainda é muito machista. “A gente precisa abrir esse mercado para as mulheres. Eu carrego essa bandeira. Quero que venham mais meninas, que abram a quantidade de títulos pra que a gente possa publicar”, diz. Ela comenta que a visibilidade do mercado feminino ainda é pouca e que é necessário aumentá-la para que este ganhe mais força e fala da alegria em ver o crescimento do público feminino: “Quando a gente descobre que elas não estão indo só acompanhar o namorado, que elas estão indo buscar independente e que têm títulos sendo feitos só pra elas, isso é maravilhoso”.

E é pensando em somar esforços que vários coletivos de mulheres quadrinistas têm se formado por todo o país com muito conteúdo sendo produzido. Esse aumento de produção e de consumo por parte das garotas está começando a chamar atenção das grandes editoras: “Está abrindo o nicho e as grandes editoras também estão tentando. Ainda é ínfimo, mas está havendo um movimento”. Ela lista alguns títulos da editora em que trabalha que têm feito sucesso como a Capitã Marvel, que vem encabeçando a Guerra Civil 2, e a  A Mulher Aranha que, inclusive, apareceu grávida e, depois, tendo de lidar com as tarefas da maternidade e da super-heroína ao mesmo tempo. “Quantas mulheres fazem isso o tempo todo?”, observa Carol demonstrando o quão importante é a representatividade.

Independente

Trabalhando de forma independente, várias meninas, através de coletivos, têm conseguido espaço no meio e, também, leitoras. A própria Carol prepara um projeto pessoal chamado Point of View. Em parceria com a Lady’s Comics, site de quadrinhos feitos por mulheres, ela pretende lançar, semanalmente, uma tira: “É um guia de visita para quem vai pra São Paulo meio sem grana. É  um olhar feminino de como ver a cidade”, conta. O projeto conta com o roteiro de Carol e ilustrações de Germana Viana.

 

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