Um homem, 300 rádios: Zeca do Rolete sonha com exposição

Conhecido como cantor de coco, ele possui centenas de aparelhos antigos, alguns deles 'relíquias', guardados em caixas a espera de uma oportunidade de serem expostos

por Paula Brasileiro qui, 22/02/2018 - 14:17
Chico Peixoto/LeiaJáImagens Zeca do Rolete sonha em ver coleção virar exposição Chico Peixoto/LeiaJáImagens

"Isso aqui tudinho é rádio". É assim que José Galdino dos Santos, mais conhecido como Zeca do Rolete, conduz os visitantes por entre as caixas que se acumulam pelos cômodos de sua casa, na comunidade do Tururu, em Paulista (PE). Ele é um artista popular, bastante conhecido entre os mestres de coco de Pernambuco, mas também um "ajuntador" de aparelhos de rádio, desde os tempos de juventude, e conta com um acervo de quase 300 peças. As "relíquias" são mantidas por Zeca com muito zelo e o seu grande sonho é, um dia, fazer uma exposição do seu acervo.

A paixão pelo objeto 'falante' começou por volta da década de 1960, quando Zeca passou a montar e vender rádios: "Eu comecei fabricando rádio para ele tocar sem pilha e sem energia, na minha época", ele conta. Naquele tempo, custava alto ter um aparelho desses em casa: "Só quem podia usar era barão", lembra o 'ajuntador'. Ele enumera as marcas dos aparelhos que coleciona Mullard, "um rádio alemão"; Philco; Sharp; Nord Som e RCA, entre tantos outros: "Tudo nas caixas, esperando uma oportunidade de expor".

A esposa, Silvânia Maria, apenas observa: "Daqui uns dias não vou ter mais canto para morar", brinca. No fundo, ela não se incomoda com tantas coisas guardadas e garante já estar acostumada à quantidade de caixas e aparelhos eletrônicos espalhados pela casa: "Sou casada com ele há 27 anos e sempre foi assim. Ele senta ali e fica até meia noite consertando os rádios. E funciona, viu?", conta.

A coleção é grandiosa e a dificuldade de guardar o acervo também. A residência é simples e não dispõe de muito espaço. Boa parte dos aparelhos, muitos das décadas de 1940 e 1950, precisa ser desmontada para caber nas caixas, afinal são quase mais de três centenas de rádios: "Mas eu acho que tenho mais", observa Zeca. Ele já procurou apoio governamental para montar uma exposição, levando imagens de alguns de seus rádios, para apresentá-los, mas não teve sucesso: "Quem me atendeu disse: 'a gente não quer isso, a gente precisa da história de cada um deles". O impeditivo desanimou o colecionador e o projeto continua apenas em seus sonhos.

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Mas, além dos rádios, Zeca do Rolete também 'ajunta' outras antiguidades, como máquinas de costura, discos, radiolas e ferros de passar roupa. Porém, são os 'falantes' mesmo os detentores de sua real adoração. Até porque, é através deles que o colecionador ainda se conecta com o mundo: "Aqui eu consigo pegar muitas rádios, da América e da Europa, até da Ásia, apesar de hoje não precisar mais disso, né? Pela internet você pega o mundo em peso."

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