Artista faz esculturas a partir de vegetal da Amazônia

Madeira usada na extração de castanha-do-pará e da amêndoa do coco babaçu vira obra de arte em exposição na Casa das Onze Janelas, em Belém

seg, 27/08/2018 - 16:45

O artista visual Marcone Moreira (36) expôs na sala Valdir Sarubbi, no espaço cultural Casa das Onze Janelas, na praça Frei Caetano Brandão, em Belém, esculturas de objetos feitos com material usado pelo trabalhadores que descascam coco babaçu e castanha-do-pará. A atividade árdua dos trabalhadores que manuseiam os cepos na extração da castanha, no Ver-o-Peso, e os porretes usados na extração das amêndoas do babaçu foram valorizados na obra do artista visual.

Marcone Moreira tem mais de 20 anos dedicado às artes. Para o artista, que havia feito sua última exposição há oito anos em Belém, fazer um trabalho com o material do Ver-o-Peso foi interessante. “Eles chegam sem a intenção de exercer um trabalho escultórico, que o objetivo desses cepos é simplesmente ser uma base de trabalho para ficar cortando a amêndoa e descascando a castanha, mas ao final tem um resultado sofisticado, como dá para ver numas peças que estão aqui”, contou o artista.

 Marcone disse que há algum tempo pesquisa sobre o universo do babaçu, principalmente o porrete. “Fazendo a pesquisa e contatando as comunidades me interessou muito a unidade de medida que usam, mensuram e comercializam esse produto tendo como parâmetro de medida: uma lata”, disse.

O artista também se expôs ao trabalho repetitivo e exausto desenvolvido pelos trabalhadores e apresentou isso em duas telas de vídeos que são apresentados aos visitantes da exposição. “Como meu trabalho é basicamente apropriação, eu queria me dispor a realizar um trabalho tão repetitivo e cansativo. Me permiti realizar uma série de esculturas onde fico esculpindo réplicas das amêndoas em diversas madeiras nobres para poder encher uma lata. E aqui está o resultado”, declarou Marrone.

Os visitantes parabenizaram a exposição. “Estou achando incrível, porque quando a gente pensa em madeira a gente só pensa em utilitária, mas o artista traz outras possibilidades, textura, formas e o processo de construção das obras que ele colocou no vídeo. Porque às vezes a gente vê a obra e não sabe como foi construída, mas no vídeo ele mostra. O trabalho é tão bruto, mas quando a gente vê aqui é tão singelo. É incrível”, disse Hugo Rosa (26), estudante de Museologia.

A exposição vai até 11 de setembro. Entrada franca. Veja vídeo abaixo.

 

Por Rosiane Rodrigues.

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