Isolamento social da pandemia aumenta procura por livros

Venda de e-books e dos produtos físicos cresce. Leitura alivia a tensão e ajuda na "fuga" da realidade, diz estudante.

seg, 15/03/2021 - 17:43

Uma das consequências da pandemia da covid-19 foi o isolamento social, fator que incentivou a população a procurar formas de se adaptar ao novo normal. Muitos buscaram na leitura uma maneira de passar o tempo, e descobriram um grande fascínio pelos livros.

A estudante Luciana Capela aproveitou a quarentena para desenvolver o hábito da leitura. Com maior tempo livre, Luciana relata que adquiriu muitas vantagens em ler, sendo uma delas a construção do senso crítico. “Algumas obras literárias, como ‘Dom Casmurro’, de Machado de Assis, são muito citadas por conta das suas particularidades para o vestibular. Então, quando escutamos sobre elas, adquirimos curiosidades que nos levam a querer ler e tirar nossas próprias concepções”, afirmou.

A leitura tornou-se uma prática frequente durante a pandemia. De acordo com os dados divulgados pelo 4° Painel do Varejo de Livros no Brasil em 2020, as buscas por e-books e livros físicos aumentaram. Com as vendas on-line, Luciana relata que obteve mais de 20 livros físicos durante a quarentena. “Comprava livros em perfeitas condições, ou até lançamentos, por R$10,00. O valor conta bastante.”

Outra pessoa que leu bastante durante esse período foi a estudante Camilly Serrão, que sempre nutriu o fascínio pela leitura, porém lia pouco. Na pandemia, ela encontrou nos livros de ficção uma espécie de “fuga” da realidade e controle da ansiedade. “Os livros me levavam pra outra realidade e outro mundo. Eles me acalmavam”, afirma.

A estudante prefere o e-book, em comparação com o livro físico. Esse novo formato tem se tornado um dos mais procurados, principalmente pela praticidade de ter o acesso em qualquer lugar, basta possuir um dispositivo eletrônico em mãos. Entretanto, muitos ainda optam pelo livro físico, como Luciana, pois permite leitura menos cansativa que os meios eletrônicos. “A gente já fica tanto tempo com o celular, acho que nessa hora de ler deveria ser um pouco distante da tecnologia”, disse Luciana.

O fato de que a leitura possibilita conhecer diversas perspectivas de mundo foi um atrativo imenso para os novos leitores. A experiência de Camilly lhe agradou de tal modo que a estudante afirma que pretende continuar com o hábito de ler frequentemente.  “Só me trouxe benefícios.”

O livreiro e responsável pelo setor de literatura nacional e estrangeira da Livraria Saraiva, Lutty Vilhena, afirma que, nesse momento, as lojas buscaram aprimorar medidas para manter as vendas. “Por conta dos veículos de venda on-line, mesmo com as livrarias fechadas, não deixamos de atender aos consumidores”, enfatizou.

Com alta procura por livros em versões digitais, as livrarias investiram para se adaptar às demandas crescentes dos consumidores. Foi necessário agir rápido. Segundo Lutty, “houve um movimento maior dos leitores migrando para o formato digital, e as editoras investindo ainda mais nessa linguagem”.

Para manter o público fiel ao universo da leitura, além de atrair novos clientes, Lutty afirma que as ações estão focadas em “indicar outros livros para agregar à compra do cliente, manter a loja sempre arrumada e com seleções de livros de acordo com o feeling de interesse atual”.

Por Gabriel Pires, Painah Silva e Vitória Reimão.

 

 

 

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