Mostra exibe filmes da Cinemateca Pernambucana

Títulos de Geneton Moraes Neto, Rucker Vieira e Kátia Meses estão entre obras selecionadas na edição, que inicia na próximo domingo

ter, 27/07/2021 - 14:48
Divulgação Aruanda (1960), filme de Linduarte Noronha Divulgação

Durante todo o mês de agosto, a partir do próximo domingo (1º) será exibida no portal da Cinemateca Pernambucana da Fundação Joaquim Nabuco a mostra on-line “A História de uma Alma: Uma Coleção de Filmes de Pernambuco”. Com curadoria da Cinelimite & Cinemateca Pernambucana, tem como objetivo de mostrar a rica história do cinema feito no Estado. Todos os filmes estarão com legendas em inglês.

A Cinelimite é uma organização sem fins lucrativos sediada em Nova Iorque, dedicada à exibição de cinema brasileiro e à promoção do intercâmbio cultural entre os Estados Unidos e o Brasil. Fundada em 2020, produz programas mensais que visam destacar a rica história do cinema brasileiro para o público internacional. As mostras da Cinelimite incluem novos textos acadêmicos, vídeo-ensaios, entrevistas e filmes, apresentados tanto em inglês como em português.

 “É muito gratificante ver parte do nosso acervo exibido e debatido em mostras internacionais como essa promovida em parceria com o Cinelimite. Isso só vem a reforçar a importância do trabalho da cinemateca que não apenas coleta filmes mas, principalmente, difunde e debate o audiovisual produzido em Pernambuco desde a década de vinte do século passado”, comemora Ana Farache, coordenadora do Cinema e Cinemateca Pernambucana da Fundaj.

O título deste programa vem do filme História de uma alma, dirigido por Eustórgio Wanderley em 1926, que foi descrito na época pelo jornal recifense A Pilhéria como um reflexo do "incontestável progresso de nossa parte na 'arte da tela ‘’muda'’. Durante cada década significativa do cinema pernambucano, tal sentimento de progresso incontestável faz-se sempre presente, à medida que uma visão singular da realidade brasileira se apresenta na tela. A História de uma Alma é, portanto, uma homenagem à importante obra da fase muda do cinema pernambucano, além de ser um título que evoca uma história cinematográfica profundamente interessada em retratar a alma e a essência de um estado e de seu próprio povo. 

A mostra é composta de 11 filmes do acervo da Cinemateca que vão desde sua fase silenciosa até a década de 90. A coleção abrange dois dos mais importantes movimentos cinematográficos do estado pernambucano, o Ciclo do Recife e o Movimento Super-8 dos anos 70. Este programa também destaca produções memoráveis como O Canto do Mar, de Alberto Cavalcanti, feito em 1953, e o trabalho autoral de cineastas como Linduarte Noronha e Kátia Mesel. Toda a coleção oferece um breve retrato da vitalidade do cinema pernambucano, e funciona como uma porta de entrada para a história do cinema do estado.

Filmes da Mostra

1) Veneza Americana (1925), de Hugo Falangola e J. Cambiere

Um documentário mudo sobre o belíssimo progresso de Pernambuco, com destaque na construção do novo cais de Recife.

2) Aitaré da Praia (1925), Gentil Roiz

Aitaré namora Cora, uma moça da aldeia. Numa viagem de jangada em dia tempestuoso, ele salva o roco Coronel Felipe Rosa e sua filha, que ficam retidos nessa pequena aldeia de pescadores até a chegada de um barco, que os leva de volta à cidade de Recife. Por causa das intrigas, Cora e Aitaré se desentendem. Somente cinco anos mais tarde, tudo será esclarecido e eles se reconciliarão.

3) O Canto do Mar (1953), Alberto Cavalcanti

No litoral nordestino, que acolhe imigrantes do sertão à espera de viagem para o Sul, é onde se passa o drama de uma família que enfrenta a miséria, devido a problemas financeiros e psicológicos.

4) Aruanda (1960), de Linduarte Noronha

O filme conta a história dos remanescentes de um quilombo em Serra do Talhado, mostrando o cotidiano dos moradores, jornadas de plantio e feitos de cerâmica “primitiva”.

5) O Cajueiro Nordestino (1962), de Linduarte Noronha

Ao som de músicas regionais, o domuntário mostra a importância do cajueiro para a paisagem local e sobrevencia do povo nordestinio.

6) A Cabra na Região Semi-Árida (1966), de Rucker Vieira

No chão seco da caatinga e nas vertentes pedregosas do sertão, o bode e a cabra sobrevivem. Peças orgânicas da paisagem sertaneja, vinculados à economia de determinadas regiões, fornecem leite, carne e pele para exportação.

7) Isso é que é (1974) – Geneton Moraes Neto

Numa época em que a tesoura da censura avançava, até, sobre filmes amadores em Super-8, o curta “Isso é Que é” pode ser visto como uma tentativa de falar através de metáforas e sugestões.

8) Fabulário Tropical (1979), de Geneton Moraes Neto

Imagens de locais históricos de Recife e Olinda com vozes de duas “guias” que ironizam o pretenso caráter generoso dos brasileiros.

9) O Coração do Cinema (1983), de Geneton Moraes Neto

Adaptação livre do roteiro de Vladimir Maiakovski. Jomard Muniz de Brito e o cinema pernambucano.

10) Sulanca (1986), de Kátia Meses

Documentário sobre a revolução econômica das Mulheres de Santa Cruz do Capibaribe, que através da costura, colaboração e força de vontade, conseguiram mudar o panorama socioeconômico de toda uma região, que vivia na penúria e falta de opções.

11) Recife de Dentro Pra Fora (1997), de Kátia Meses

Filme inspirado em poema de João Cabral de Melo Neto e sua vida no Capibaribe.

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