Elis Regina: 40 anos de saudade da 'doce pimenta'
Legado da cantora continua impactando novas gerações
Em 19 de janeiro de 1982, o Brasil chorava a morte de Elis Regina. Com uma voz marcante, a filha de Romeu de Oliveira Costa e Ercy Carvalho sempre foi dona de si. Apesar de toda sua firmeza, em querer mostrar aos que lhe cercavam a paixão pelo canto, Elis caminhava pelos trilhos da timidez. Mesmo assim, a gaúcha de Porto Alegre abriu a cartilha da autoconfiança e devorou todo o conhecimento que estava reservado para a sua existência.
Sempre à frente do seu tempo, a menina que morou por muito tempo na Vila do IAPI, ou Conjunto Residencial Passo d'Areia, passou a pensar grande. Na década de 1960, no início da ditadura militar, Elis chegou ao Rio de Janeiro para investir na carreira. Embora soubesse que os degraus da época não seriam fáceis de subir, a jovem topou o desafio de ingressar a fundo no universo da música popular brasileira.
Dedicada, expressiva e de uma personalidade extremamente aguda, a cantora escancarou o coração para explorar um mundo recheado de oportunidade. Sábia em cada passo dado, o talento dela foi voltado para aqueles que não dispensavam mergulhar no que a arte os proporcionavam. Em 1965, sua história foi marcada de vez ao interpretar a canção Arrastão, de Edu Lobo e Vinícius de Moraes, no 1º Festival de Música Popular Brasileira, na TV Excelsior. Após sair vencedora, Elis não parou mais.
Discos, parcerias, shows, entre tantas outras estruturas que moldaram sua profissão, fizeram de Elis um ser grandioso, um ser acentuado de comportamento visceral. Colecionando afetos e críticas, atenções em seus diversos aspectos, a estrela do álbum Falso Brilhante queria na verdade tocar o coração de quem estava preparado para explorar suas sentimentalidades com bastante frescor e audácia. Elis Regina nos deixou cedo, aos 36 anos, no auge de sua magnitude. Nesses 40 anos sem a Pimentinha, fica clara a percepção de que o seu legado continuará abraçando os órfãos da sua voz e impactando novas gerações.