ALN: 'Proibir organizadas não é solução'

Ex-presidente do Santa Cruz que teve mandato marcado por ocorrências com organizadas diz que providências contra a violência devem ser da segurança pública

por Rodrigo Malveira ter, 13/09/2016 - 16:20
Chico Peixoto/LeiaJáImagens Antônio Luiz Neto negou que durante presidência do Santa Cruz tenha favorecido uma das maiores organizadas do time Chico Peixoto/LeiaJáImagens

Após mais um caso de violência ocorrido em Pernambuco antes do Clássico das Multidões, que terminou com dois torcedores hospitalizados, o debate sobre a existência das torcidas organizadas foi retomado. Mais do que isso, também se debateu o contato dos clubes com as uniformizadas. E, nos últimos anos, um dos presidentes de clube que mais ficou marcado em Pernambuco por conta dessa relação foi Antônio Luiz Neto, ex-mandatário do Santa Cruz por quatro anos. Ele teve relações bem conturbadas com uma das maiores organizadas corais, desde vestir camisa durante sua posse e convidar membros para apresentação de jogador, até o fatídico caso ocorrido em 2014, onde um torcedor acabou morto por conta de uma privada jogada das arquibancadas do Arruda. 

Deixando claro seu posicionamento de não ser contra as organizadas, ALN classifica que segmentações de pessoas infiltradas no meio da torcida estão distorcendo a imagem delas. E para essas pessoas, ele defende a punição por conta da Justiça, já que acredita que os clubes já fazem tudo que é necessário para coibir os crimes.

“O clube cumpre a Lei Pelé, você não vê briga dentro do estádio, você vê show, espetáculo. O problema é longe dele, você está no Arruda e a briga está rolando na Caxangá, na Avenida Norte, como o clube pode ser responsabilizado? Isso não é justo, é demagógico e é fugir das obrigações”, declara em entrevista ao Portal LeiaJá. “Querer dizer que é torcida, não é. Torcida não faz crime, quem faz crime é bandido e lugar dele é na cadeia”, complementou.

Vendo como um problema de responsabilidade pública, o ex-presidente coral enfatiza que medidas como a do presidente do Sport, João Humberto Martorelli, têm cunho apenas demagógico e em nada contribuem efetivamente no combate as organizadas. “Não vejo como solução (proibir organizadas). A solução é que lugar de marginal é na cadeia e só quem pode prender é a polícia. Isso (ação de Martorelli) é literalmente demagogia pura”, comentou o atual presidente da comissão patrimonial do tricolor.

Porém, ALN também se defende quanto ao seu histórico de contribuição com organizadas. Com relatos de favorecimento a essas torcidas, como distribuição de ingressos, alugueis de ônibus para viagens e uso do Arruda para depósito de alguns instrumentos, ele nega que tudo disso tenha sido verídico. “Na minha gestão eu não tinha relação com torcida organizada, se não a institucional. Nunca dei ingresso, sabemos que em muitos clubes do Brasil e de Pernambuco isso já aconteceu, mas na minha gestão desafio dizer que eu dei ingresso a torcedor. Eu e minha diretoria pagávamos para entrar”, revelou.

A solução encontrada por ele é o aumento da efetividade da polícia. Algo que sugeriu a Federação e ao Governo desde que estava a frente do clube coral. “A própria lei determina que a segurança pública dos jogos de futebol tem que ser feita pelas polícias dos estados e os clubes solicitam isso. É preciso haver polícia para prender porque a insegurança não está dentro do estádio, e sim, fora dele”, destaca. “O que precisamos é ter batalhões especializados em grandes eventos, batalhões para cuidar das principais avenidas e polícia de inteligência, que possa monitorar tudo”, concluiu.

Confira o vídeo com alguns dos posicionamentos do ex-presidente coral:

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