Beisebol integra imigrantes de Cuba e Venezuela no Recife

Prática do esporte ainda ajuda a matar a saudade de casa

por Thiago Seabra sex, 20/01/2023 - 09:01
João Velozo/LeiaJáImagens Beisebol integra imigrantes de Venezuela e Cuba no Recife João Velozo/LeiaJáImagens

Muito praticado em diferentes regiões do continente americano, o beisebol reforçou-se como um esporte chave na vida de alguns imigrantes latinos que desembarcaram no Brasil, mais especificamente em Olinda e Recife. O esporte reúne o melhor da cultura latino-americana e ajuda a integrar aqueles que chegam ao país.

É o caso de Javier Sequea, venezuelano que trabalha como soldador e joga pelo Latinos Beisebol, time fundado em 2019. Sem nunca ter saído de sua cidade natal, Javier chegou ao Brasil em 2018, em Pacaraima-RR, e só foi ao Recife em julho do ano seguinte. Grato pela recepção que teve dos brasileiros, ele conta das dificuldades que enfrentou ao chegar em um país diferente do seu.

Javier Sequea - Foto: João Velozo/LeiaJáImagens

“Ir para um país novo, com uma língua que eu não conhecia, uma cultura diferente, era um pouco complicado. A pessoa sem dinheiro e arranjando de onde não tinha [...] Agradeço até hoje aos muitos brasileiros que me acolheram. Foram pessoas que foram uma benção para minha família, pois chegar em um país que você não conhece e nem tem apoio de ninguém, só de Deus mesmo, foi bastante complicado. Me adaptar foi um processo muito forte”, disse.

“O time dos Latinos tem sido muito importante principalmente para a integração. Muitas vezes conhecemos amigos imigrantes venezuelanos, e muitos deles nós encontramos na rua entregando currículo e sem apoio de ninguém, e aí fazemos uma integração e damos uma indicação de trabalho, uma orientação. Esse é um dos principais pontos do Latinos. Ele serve para ajudar muitas pessoas e para conhecê-las", reforçou.

O mesmo valeu para Luis Gutierrez, jogador do Recife Mariners. O jovem de 22 anos nasceu em El Tigre, na Venezuela. Acompanhado de sua tia, chegou ao Brasil em 2019. Através dela, conheceu o Latinos e assim pôde se reconectar com seu país natal.

Luis Gutierrez - Foto: João Velozo/LeiaJáImagens

"Eu me conecto com meu time e gosto de jogar. Para mim, o beisebol é algo incrível, uma coisa única. É cultura para mim, eu amo esse esporte, jogar, pegar a bola, arremessar, correr [...] O time é como minha família agora”, afirmou.

Nascido na cidade de Santa Clara, região central de Cuba, Adonys Lima saiu de seu país e foi para os Estados Unidos. De lá, veio ao Brasil com sua esposa, que é brasileira. Figura conhecida entre os que praticam o esporte no Recife, Adonys é um ponto de referência para aqueles que jogam beisebol na capital.

Adonys Lima - Foto: João Velozo/LeiaJáImagens

“O beisebol cria uma irmandade. Eu, por exemplo, trabalho numa área que envolve muitas categorias, e fico passando os contatos, com isso um vai tentando ajudar o outro. E assim vai fechando o círculo”, contou Adonys.

Jhonnarelys Espluguez, a única mulher no time, foi criada em Puerto Píritu, na Venezuela. Comerciante e estudante de odontologia, ela se familiarizou com o esporte desde pequena, quando acompanhava os treinos de seu irmão mais velho. Uma vez que ingressou no Latinos, Jhonnarelys se viu dentro de uma família.

Jhonnarelys Espluguez - Foto: João Velozo/LeiaJáImagens

"Aqui consegui uma família de novo [...] Principalmente porque brigamos muito, como toda família. Brigamos muito, incentivamos um ao outro, e depois que saímos do jogo, pronto, a briga foi aqui. Depois da briga, seguimos sendo família”, afirmou.

“Por exemplo, quando um familiar não aparece, ligamos e perguntamos quando vai aparecer, estamos ligando para que volte. Quando está aqui brigamos para que melhore, e assim andamos sempre”, finalizou.

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