RJ: Ator circense detido em megaoperação policial é solto
Pablo Dias Bessa Martins, 23 anos, conhecido como Pablo Prynce, integra o elenco da Universidade livre do Circo (Unicirco), de Marcos Frota. Ele é o primeiro caso a ter prisão preventiva revogada
RIO DE JANEIRO - Um dos 159 presos na megaoperação da Polícia Civil do Rio para combater a milícia, o artista circense Pablo Dias Bessa Martins, 23 anos, conhecido como Pablo Prynce, teve a prisão preventiva revogada. A decisão foi do juiz Eduardo Marques Hablitschek, da 2ª Vara Criminal de Santa Cruz, foi publicada na quinta-feira (19).
Pablo é o primeiro do grupo a ser solto e conseguir o direito de responder à ação penal em liberdade. Na última segunda-feira (16), o Tribunal de Justiça do Rio negou 22 pedidos habeas corpus, os primeiros a serem examinados de uma leva de 161. Dentre os que foram presos, 139 não possuem antecedentes criminais.
A decisão favorável ao artista circense ocorre dias após apelos feitos no Youtube pelo ator e também artista de circo, Marcos Frota, idealizador da Universidade Livre do Circo (Unicirco), da qual Pablo integra o elenco. Na decisão, o magistrado diz que a documentação apresentada pelo artista confirma que trata-se de um réu primário, que não possui antecedentes criminais, possui residência fixa, além de ser profissional circense".
"A Defensoria Pública entende que esse ainda é um pequeno passo tendo em vista a grande injustiça cometida contra a maioria das pessoas presas na operação policial em Santa Cruz. A instituição agora aguarda o julgamento dos 39 pedidos de liberdade que protocolou na Justiça", ressaltou o defensor público, Ricardo André de Souza, que atua no caso.z
Os documentos juntados aos autos ainda mostram que o investigado possui vínculo profissional de prestação de serviços com a empresa Up Leon Entertainment e está com viagem de trabalho marcada para 24 de abril com destino a Estocolmo, na Suécia, cujo bilhete aéreo foi anexado ao processo.
"No caso de Pablo, o fator que o diferencia de todos os outros presos é a comprovação documental de que passa a maior parte de sua vida, atualmente, fora do país. Com isso, resta demonstrada a fragilidade dos laços que mantém em sua terra natal, especialmente o suposto envolvimento em atividade criminosa", considerou o juiz, que assegurou que irá analisar a situação de cada um dos presos conforme determina a lei.
Megaoperação
No dia 7 de abril, a Polícia Civil prendeu mais de 160 homens no Sítio Três Irmãos, onde acontecia uma festa em Santa Cruz, na Zona Oeste da cidade, no que foi definido como "a maior ação de combate às milícias no estado". Oito adolescentes apreendidos na operação foram liberados.
A polícia alega que a festa era realizada em homenagem a Wellington da Silva Braga, o "Ecko", apontado como chefe de um dos maiores grupos da milícia que da Zona Oeste, no entanto, ele teria conseguido fugir. Quatro homens armados foram mortos na ação durante uma troca de tiros com a polícia. Foram apreendidas 24 armas de fogo, entre elas fuzis, pistolas, revólveres, granada, 76 carregadores, 1.265 munições de calibres variados, coletes balísticos, fardamentos e toucas ninjas, além de 11 veículos.
Durante a cerimônia de posse do novo superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi, realizada nesta sexta-feira (20), o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse que os detidos que não possuem antecedentes criminais "precisam explicar o que faziam numa festa de bandido". "Para mim, não ter antecedentes criminais não quer dizer que eles possam ser liberados", afirmou Jungamnn.