Com medo, banhistas evitam o mar após ataques de tubarão

O trecho em frente à Igreja de Nossa Senhora de Piedade, em Pernambuco, já teve dezenas de incidentes

sab, 16/06/2018 - 16:10

Na manhã deste sábado (16), a equipe de reportagem do LeiaJá foi até a praia de Piedade, mais precisamente no trecho em frente à Igreja de Nossa Senhora de Piedade, onde aconteceram os dois últimos ataques de tubarão que deixou Pablo Diego Inácio de Melo, de 34 anos, sem a mão e perna direita, e que tirou a vida de José Ernesto Ferreira e Silva, 18 anos.

Com o local praticamente vazio, o medo de novos ataques e vítimas é o que impera na praia. Sem banhista, sem clientela, e isso está deixando também os barraqueiros preocupados com o futuro financeiro.

O casal Jéssica Gomes, 26 anos, e Claudison Alberto, 28, moradores do bairro de Jardim Piedade, Jaboatão dos Guararapes, afirmam que, por morarem próximo, sempre tiveram o costume de ir à praia, mas depois dos últimos ataques ficaram mais receosos de entrar no mar. “Eu mesmo vou só para me molhar, mas não fico nem cinco minutos”, salienta Jéssica. Claudison pontua: “Sempre soube que aqui poderia acontecer ataques, por isso todas as vezes que eu vou à praia fico só na areia”.

Sebastião Florêncio, 66 anos, que trabalha no local há 3 anos, é um dos barraqueiros que teme pela queda no número dos banhistas. “Depois do ataque o movimento cai, mas as pessoas esquecem e tudo volta ao normal. No entanto, por conta desse último, hoje, em pleno sábado, a praia está desse jeito, vazia”, lamenta. Maria Luiza Alves, 72 anos, aposentada, moradora do Engenho Velho, Jaboatão dos Guararapes, estava com medo de entrar no mar e preferiu ficar tomando banho só usando uma cumbuca. "Eu venho sempre à praia, mas agora a gente fica com medo, neh?! Acompanhei pela televisão os ataques que aconteceram aqui. Eu mesmo prefiro ficar na beira do mar, me molhando", informa.

O 2º Sargento do Corpo dos Bombeiros Santana, 34 anos, salienta que os últimos ataques aconteceram porque os banhistas foram 'imprudentes', tendo em vista que eles sabiam que o local era propício aos ataques do animal marinho. “Essa aqui é uma parte da orla que é mais sinalizada, com quatro placas, dois guarda-vidas, bandeiras de aviso”, aponta. Só agora, depois de dois ataques seguidos (num intervalo de 2 meses) que a população parece estar seguindo piamente as recomendações dos agentes.

Cada posto guarda-vida deve responder pela proteção de 250 metros a sua esquerda e direita. Após o último ataque, o Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarão (CEMIT) estendeu a presença do Corpo de Bombeiro nas praias.

Aos sábados, domingos e feriados, os agentes ficam das 8h até às 18h na Igrejinha de Piedade, onde ocorreu o último ataque de tubarão. Em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, as ampliações acontecem em frente ao Edifício Acaiaca, no 2º Jardim e Castelinho - já que  são nessas localidades que se concentram 27, dos 65 casos de ataques registrados desde 1992, segundo a CMIT.

Sobre a diminuição de pessoas naquela área, o 2º Sargento informa que isso pode ser, sim, um efeito dos últimos ataques, mas também pode ser porque estamos em plena época de vento e chuva. “Nesse período de junho, julho e agosto venta muito na praia, e, com o que aconteceu por aqui a procura do local pela população para lazer tende a diminuir", finaliza.

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