Promotor Marcellus Ugiette vira réu por três crimes

Ele foi denunciado pelos crimes de corrupção passiva, favorecimento real e lavagem de dinheiro

qua, 05/09/2018 - 09:25
Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo Promotor chegou a ser descrito como líder de organização criminosa, mas, segundo advogado, acusação foi descartada Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

O promotor de Execuções Penais Marcellus Ugiette foi denunciado pela Procuradoria-Geral de Justiça e agora é réu pelos crimes de corrupção passiva, favorecimento real e lavagem de dinheiro.

Outras 19 pessoas também viraram réus e vão responder por organização criminosa e estelionato. Na última terça-feira (4), a 2ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) determinou o fim do sigilo do processo.

Os acusados foram alvos da Operação Ponto Cego, deflagrada pela Polícia Civil no dia 3 de agosto deste ano. Entre os réus estão dois advogados e um policial militar. 

Ugiette foi acusado de favorecer os integrantes da organização criminosa. Segundo a investigação, ele teria interferido para que os criminosos ficassem juntos na mesma unidade prisional e, desse modo, continuassem a praticar delitos. A Polícia Civil chegou a tratá-lo como “braço forte” da organização

“Não faço parte de nenhuma organização criminosa”, chegou a dizer Ugiette em uma coletiva de imprensa que convocou.

O promotor tem um trabalho notório pelos direitos dos presos, sendo autor de recomendações pelo fechamento do Complexo Prisional do Curado e pela progressão de pena de detentas do regime semiaberto que se encontram em uma unidade para regime fechado.

Ele também foi uma figura central da rebelião do Complexo do Curado de 2015. Na ocasião, os presos se rebelaram porque reclamavam da lentidão dos seus processos e erguiam faixas pedindo a presença do promotor.

Segundo o advogado do promotor, Emerson Leônidas, o Ministério Público de Pernambuco afastou a denúncia de que ele seria líder do grupo criminoso.

Entretanto, ao longo da investigação, eles identificaram um depósito de pouco mais de R$ 1 mil feito pela advogada que também é alvo da operação. “Essa advogada depositou R$ 1 mil e pouco na conta do filho de Marcellus. Foi iniciativa dela. Ele explicou que estava conversando com a esposa sobre pegar um dinheiro emprestado para pagar uma conta. Essa advogada ouviu o número da conta, anotou e depois disse que tinha colocado o dinheiro. Em depoimento, Marcellus disse que retirou e devolveu o valor. Sobre o dinheiro estar na conta do filho, até o salário ele recebe nesta conta porque já teve problemas com a Receita Federal”, contou o advogado ao LeiaJá. “Essa é uma denúncia esdrúxula, que tenta justificar o que disseram na acusação inicial”, complementou Leônidas.

Ugiette está afastado das funções desde a deflagração da operação. A promotoria de Execuções Penais está sob responsabilidade de promotores temporários. “Estou tranquilo. Minha preocupação era com aquela denúncia dele ser o líder da organização criminosa. Vamos aguardar a notificação para que o promotor apresente sua defesa”, finalizou o advogado.

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