Mortes no trânsito de São Paulo aumentam 53% em janeiro

Capital registrou 30 mortes a mais do que em 2018; maioria das vítimas era pedestre ou motociclista

por Nataly Simões qua, 20/02/2019 - 17:33

A cidade de São Paulo registrou 87 mortes no trânsito em janeiro, contra 57 no mesmo mês do ano passado. O que representa um aumento de 53%, de acordo com dados do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito (Infosiga). De acordo com o órgão, o crescimento das vítimas fatais na capital paulista foi impulsionado pelas mortes de pedestres, com 34 casos (39% do total), e de motociclistas, com 30 (34% do total).

Roberta Torres, especialista em Gestão, Educação e Segurança no Trânsito, afirma que em São Paulo o aumento no número de mortes no trânsito é constante, situação que exige mais atenção por parte do governo. “É um problema que deveria ser olhado com bastante atenção pelo poder público. Não apenas pelo alto custo gerado pela violência no trânsito, mas também pela dor sentida por quem fica, ou seja, dos familiares. Isso sem contar a quantidade de pessoas com sequelas por toda vida”, avalia.

Roberta acrescenta que a redução da velocidade é uma das medidas fundamentais para diminuir o número de vítimas fatais de acidentes de trânsito, especialmente nos casos de atropelamentos.  “Um aumento de dez quilômetros por hora na velocidade parece pouco mas, em uma emergência, caso seja necessário parar bruscamente, a 70 quilômetros por hora o veículo vai percorrer uma distância de aproximadamente 30 metros até parar totalmente”, explica.

Em nota, a prefeitura afirmou que tem investido em políticas de conscientização e em melhorias na sinalização viária. Até 2020, a meta determinada pela Organização das Nações Unidas (ONU) é de reduzir o número de mortes no trânsito para seis em cada 100 mil moradores. No entanto, conforme lembra Roberta, a redução da velocidade permitida nos centros urbanos [que não é aplicada pela administração municipal] é um dos princípios básicos estabelecidos pela ONU.

Para a especialista, o poder público também deve pensar na formação dos futuros condutores e não em ações isoladas e paliativas. “É preciso rever o processo de formação e essa medida já teve início o ano passado e está parada atualmente. Não podemos pensar apenas em 'desburocratizar' e 'facilitar a vida do cidadão' para pagarmos com os dados amargos do aumento da violência que nos assola todos os dias. Precisamos, além das medidas de engenharia e fiscalização, investir na educação básica inserindo o tema nas escolas ainda que de maneira transversal, na formação dos condutores e na educação dos motoristas já habilitados”, pondera Roberta.

 

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