Marina sobre Bolsonaro: “além de incompetente é arrogante”

Ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente esteve no Recife participando de protesto contra o vazamento de óleo que atinge o litoral nordestino

por Marília Parente sab, 26/10/2019 - 19:34

Marina lembrou que o Rede protocolou pedido de impeachment do Ministro Ricardo Salles. (Rafael Bandeira/LeiaJá)

Na tarde deste sábado (26), cerca de dez movimentos sociais e ONG’s como o Greenpeace, o Recife sem Lixo, o Salve Maracaípe e o Amazônia na Rua articularam um protesto aos vazamentos de óleo que atingem o litoral do Nordeste desde o dia 2 de setembro. A manifestação partiu da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) em direção ao Marco Zero e contou com a presença da ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede), que questionou o que chamou de “inação” do governo Jair Bolsonaro (PSL) e sua falta de comunicação com os estados e municípios atingidos pelo desastre.

“Só conversa com pessoas que são do mesmo partido. Gente, isso é uma questão de saúde pública, um desastre ambiental, não importa se é oposição ou não. Como podem vir em Pernambuco e não conversar com o governador e o secretário?”, questionou Marina. A ambientalista também criticou a morosidade do presidente no sentido de reagir ao desastre, sem ter acionado, por exemplo, o Plano Nacional de Contingência. “O governo federal levou mais de quarenta dias pra poder tomar as primeiras medidas e só fez isso diante de um grande constrangimento que foi o fato de a população começar a agir com seus próprios esforços, mesmo sem recursos, mesmo sem orientação. Não pediu (Bolsonaro) ajuda internacional. Além de incompetente, é arrogante”, completou.

Ativistas de cerca de dez organizações estavam reunidos. (Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens)

Marina voltou a falar em desmonte das políticas ambientais brasileiras, citando o corte de orçamento do Ministério do Meio Ambiente e disse que o governo não sabe como agir para combater o desmatamento na amazônia e o vazamento de óleo. “Me refiro ao enfraquecimento do Ibama, do Instituto Chico Mendes, de todo o trabalho de monitoramento de satélite que vinha sendo feito com bastante competência pelo Inpe. O ministro não nomeou as pessoas responsáveis pelo órgão de qualidade ambiental e emergência ambiental. Ficou mais de seis meses sem a nomeação”, completa.

No dia 22 de agosto, a Rede Sustentabilidade protocolou o pedido de impeachment do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por crime de responsabilidade, ligado ao descumprimento do dever funcional relativo à Política Nacional do Meio Ambiente. “Em todos os meios políticos, legais, pacíficos e institucionais que a cultura democrática civilizada permite agir, nós estamos agindo”, concluiu Marina.

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ONG’s cederam EPI’s ao exército

De acordo com a ativista da ONG Recife Sem Lixo, Luciana Naira, uma das principais pautas do ato foi a retirada dos voluntários. “Quem tem que estar fazendo esse trabalho é a força especializada, o governo federal. E a gente está aqui para exigir que ele se posicione e nos desobrigue a estar limpando as praias. A gente não pode, contudo, ficar na inação que o governo está, porque se a gente ficar só protestando, o pescador, quem vive do mar, vai terminar morrendo”, cobra. Luciana afirma ainda que, em algumas ocasiões, as ONG’s presentes em praia afetadas, a exemplo de Itapuama, tiveram que ceder equipamentos como luvas e botas aos militares, para que eles não se expusessem completamente ao óleo. “Não mandam o pessoal com os EPI’s. A verdade é que a gente está se especializando, aprendendo o que fazer, então descobrimos que os macacões são efetivos e estamos usando”, continua ela, frisando que muitos soldados trabalham no recolhimento do material vestindo bermudas e camisetas.

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