Projeto muda ação nas comunidades para enfrentar pandemia

Ativistas do Telas em Movimento, que divulga e produz cinema e audiovisual, marcam presença nas periferias de Belém com distribuição de kits de higiene, cestas básicas e material educativo para as crianças

por Brenna Pardal qui, 21/05/2020 - 16:38

O projeto Telas em Movimento nasceu em 2019 com o objetivo de democratizar o acesso ao audiovisual e ao cinema nas periferias. A primeira realização do Festival de Cinema das Periferias da Amazônia, ano passado, contou com participação de vários cineclubes que funcionam em escolas públicas dos bairros periféricos de Belém, com ações comunitárias, e também na região das ilhas próximas da capital.

A pandemia do novo coronavírus, no entanto, mudou o foco dos ativistas. O projeto sentiu necessidade de uma reformulação e passou a ajudar as comunidades, fazendo campanhas e buscando doações. Veja vídeo abaixo.

“Nós nos mobilizamos para poder construir tudo que a gente tá fazendo agora. Não é somente a doação de cestas básicas e kits de higiene, e outras ações como o kit Telas da Esperança, mas também a gente tem a ação de comunicação comunitária”, frisou Matheus Botelho, um dos integrantes do projeto.

Matheus explicou que, antes do lockdown (isolamento social rígido decretado no Pará), o grupo realizava ações com grafite, faixas e distribuições de cartazes nas feiras movimentadas, como as do Guamá e Jurunas.

 "Não temos suporte do governo, nós atuamos de forma independente. Conseguimos fazer uma arrecadação on-line por meio de um edital de financiamento coletivo (em que ocorre a participação de uma empresa ou instituição)", disse.

O edital Em Frente, realizado por Fundo Em Frente, é uma união de várias empresas privadas que multiplica o valor doado, pela plataforma de crowdfounding Benfeitoria. "A gente realizou um mês de campanha, e conseguiu mais de R$ 30 mil. Ultrapassamos nossa meta e esse dinheiro foi multiplicado por esse fundo e com esse dinheiro a gente está conseguindo fazer essa atuação agora, comprando material das cestas, material dos kits de higiene e também ajudar a população com sua própria produção, pessoas que estão costurando máscaras.”

O projeto já distribuiu mais de 50 cestas básicas, kits de higiene e o kit pedagógico de desenhos com giz de cera para estimular as crianças a criarem histórias para salvar a sociedade da pandemia causada pela covid-19. Esse kit, informou Matheus, tem o objetivo de estimular a criatividade, a união em casa com as famílias e também materializa o esforço dos participantes do projeto de desenvolver algo lúdico para as crianças das periferias.

“Nós temos um grupo de saúde e fizemos um questionário e as pessoas se voluntariaram. Esse grupo de saúde é composto por profissionais e estudantes da área da saúde que fizeram várias dicas de saúde para as pessoas realizarem em suas casas, se conscientizarem. Desde lavar as mãos, usar máscaras corretamente, até uma série de outras coisas. Tudo isso está nas nossas redes sociais e que serve de serviço para população", destacou.

Para Matheus, o sentimento de estar realizando esse projeto é de gratidão, orgulho e empatia. “Não é aquilo da gente fazer uma coisa pontual e ir embora. É algo de construção com essas famílias e com essas comunidades para ter esse objetivo de construir um trabalho grande e que realmente tenha um impacto social”, frisou.

Segundo Matheus o cinema não se resume somente às salas de cinema comerciais ou independentes. O audiovisual chega para todos por multitelas, através do computador, do celular ou do próprio cinema. “O objetivo é buscar isso, esse movimento de telas, mas também da gente não ir até ao cinema, mas levar o cinema e o audiovisual até essas populações que historicamente são precárias e têm poucos ou nenhum apoio dos poderes públicos. O audiovisual também realiza transformação social", disse Matheus.

Segundo Matheus, o projeto atua nos bairros periféricos do Jurunas, Guamá, Terra Firme, na comunidade quilombola remanescente de Pitimandeua, no município de Castanhal, e nas ilhas da Paciência, Furo do Piriquitaquara e a Combu.

Quem quiser entrar em contato com o projeto para ajudar de alguma forma pode acessar suas redes sociais, pois lá eles explicam melhor e tiram dúvidas.

Instagram: https://www.instagram.com/telas_emmovimento/

Facebook: https://www.facebook.com/telas.emmovimento/

Com apoio de Cristian Corrêa.

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