Cápsula Dragon da SpaceX entra na ISS
Os astronautas americanos Michael Hopkins, Victor Glover e Shannon Walker, assim como o japonês Soichi Noguchi, flutuaram em gravidade zero pela escotilha até o interior da ISS
Quatro astronautas transportados pela cápsula Dragon da empresa SpaceX entraram nesta terça-feira (17) na Estação Espacial Internacional (ISS), completando com sucesso a primeira viagem do novo meio de transporte espacial da Nasa, após nove anos de dependência da Rússia.
A primeira fase do acoplamento com a ISS, denominada "captura suave", terminou às 4H01 GMT (1H01 de Brasília). A segunda fase, ou "captura dura", aconteceu alguns minutos depois.
Os astronautas americanos Michael Hopkins, Victor Glover e Shannon Walker, assim como o japonês Soichi Noguchi, flutuaram em gravidade zero pela escotilha até o interior da ISS, onde foram recebidos com gritos e abraços pelos três membros da tripulação da estação.
"Muito obrigado por permitirem que diga olá a todos vocês", afirmou aos astronautas a diretora do programa de voos espaciais tripulados da Nasa, Kathy Lauders, em uma mensagem de vídeo. "Eu quero dizer o quanto estamos orgulhosos de vocês", completou.
A cápsula, denominada "Resilience", foi lançada por um foguete Falcon 9 da empresa privada SpaceX, o novo meio de transporte espacial da Nasa após quase uma década de dependência da Rússia.
"É um grande dia para os Estados Unidos e para o Japão", afirmou o diretor da Nasa, Jim Bridenstine.
O foguete Falcon 9 da SpaceX decolou no horário previsto do Centro Espacial Kennedy, na Flórida. "Foi um lançamento incrível", afirmou o capitão Hopkins.
Menos de três minutos depois da decolagem, a uma altitude de 90 km e enquanto o foguete viajava a 7.000 km/h, a primeira fase da nave se desprendeu sem incidentes para retornar à Terra, pois será reutilizada em uma missão prevista para 2021 que levará quatro astronautas à ISS.
Doze minutos depois da decolagem, a uma altitude de 200 km e com uma velocidade de 27.000 km/h, a cápsula Dragon se desprendeu da segunda fase.
A SpaceX confirmou que a cápsula estava na órbita correta para chegar à ISS pouco mais de 27 horas depois da decolagem.
A tripulação se uniu a dois russos e um americano na ISS, onde permanecerá por seis meses.
Este "voo operacional" dá continuidade à bem-sucedida missão de demonstração realizada de maio a agosto, na qual dois astronautas americanos foram transportados pela SpaceX à ISS e depois retornaram à Terra de forma segura.
A SpaceX tem outros dois voos tripulados programados em 2021 para a Nasa e quatro missões de reabastecimento da ISS nos próximos 15 meses.
Também está prevista uma viagem 100% privada, por meio da sócia Axiom Space, para o fim de 2021. A Nasa insinuou que o ator americano Tom Cruise poderia visitar a ISS, o que não foi confirmado.
"A Nasa era um completo desastre quando assumimos. Agora é de novo o centro espacial mais "quente" e avançado do mundo, de longe!", escreveu no Twitter o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em uma tentativa de apropriar-se do sucesso de um plano lançado nos mandatos de seus dois antecessores.
Joe Biden, que substituirá Trump em janeiro, também elogiou a Nasa e a SpaceX, mas com outra abordagem. "É uma prova do poder da ciência e do que podemos conquistar combinando inovação, engenho e determinação", tuitou o presidente eleito.
A missão sofreu um problema com o sistema de controle de temperatura da cabine, mas a questão foi resolvida rapidamente. "Foi apenas um pequeno problema inicial", confirmou Kathy Lueders.
- Rumo à Lua -
A cápsula Dragon de SpaceX é o segundo dispositivo capaz de chegar atualmente à ISS, ao lado do Soyouz russo, que desde 2011 transportou todos os visitantes da estação, depois que o governo dos Estados Unidos interrompeu os voos tripulados há nove anos. Outro dispositivo, fabricado pela Boeing, pode estar em operação dentro de um ano.
A Nasa espera, no entanto, continuar contribuindo com a Rússia. Com este objetivo, a agência propôs facilitar vagas para os cosmonautas em futuras missões e pretende que os americanos continuem usando regularmente os Soyouz.
Mas a realidade é que os laços entre Washington e Moscou no âmbito espacial, um dos raros setores em que a parceria continua produtiva, estão perdendo força.
Rompendo com mais de 20 anos de cooperação para a ISS, a Rússia não participará na próxima mini-estação ao redor da Lua, idealizada pela Nasa e batizada de Gateway.
Para o Artemis, programa americano de retorno à Lua em 2024, a Nasa estabeleceu alianças com outras agências espaciais, incluindo Japão e Europa, mas o futuro não está claro pois ainda não recebeu do Congresso dos Estados Unidos a verba de dezenas de bilhões de dólares para financiar o projeto.
E Joe Biden não confirmou a meta de 2024.