Comércio está otimista e cauteloso com a Black Friday

Lojas físicas recuperam o fôlego e vão aproveitar a semana de descontos para garantir vendas antes do fim de 2020

por Alex Dinarte ter, 17/11/2020 - 16:06
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Em meio à crise sanitária provocada pelo coronavírus, o comércio trabalha para alavancar as vendas na retomada econômica. Prejudicados pela pandemia, muitos lojistas vão aproveitar a Black Friday de novembro, que pode garantir o restabelecimento das empresas e que os varejistas apontam como sendo mais próximo do normal.

Embora a época de redução de preços esteja marcada apenas para a última sexta-feira de novembro, a movimentação favorável do último mês de outubro trouxe novo ânimo para os comerciantes. De acordo com o balanço de vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), mesmo com uma queda de 9,2% em relação ao ano de 2019, os lojistas da capital paulista fecharam o último mês de outubro com elevação média de 21,8% na comparação com setembro de 2020.

É o caso de Renata Marcolino, 35 anos, fundadora da empresa Mil e Uma Sapatilhas. Com o comércio em atividade há cinco anos, Renata lembra com desalento do período em que teve que manter as lojas fechadas devido à pandemia. No entanto, a CEO vê um cenário mais animador para a parte final de 2020. "O crescimento foi gradativo, e em outubro conseguimos atingir o faturamento médio por loja 5% maior do que outubro de 2019, o que nos trouxe uma nova perspectiva e ânimo para estabelecer metas mais ousadas para este final de ano", comenta.

Renata Marcolino, fundadora da empresa Mil e Uma Sapatilhas | Foto: Arquivo Pessoal

Renata espera que o resultado seja semelhante ao do mesmo período de 2019. "Diante de todo o cenário, temos trabalhado com diversas promoções e condições especiais para os clientes, mesmo fora da Black Friday. Acredito que as vendas serão semelhantes ao ano passado, o que significa um bom resultado final", enfatiza a lojista, que acredita no carro-chefe da empresa, as sapatilhas, para alavancar o financeiro no período de descontos. "As mercadorias atendem desde clientes até revendedoras que buscam melhores ofertas neste momento e garantem maior margem de lucro no de final de ano. Possibilitamos aos franqueados que ofereçam produtos e preços livremente, assim todas as lojas apresentam ofertas diversas, variedade e opções de compras", declara.

Vestuário e auto-estima

Já a empresária Caroline Moraes, 25 anos, aposta na redução dos preços para proporcionar uma reforma no conteúdo do guarda-roupa das clientes. De acordo com ela, as ofertas da empresa do ramo da moda, em que atua há sete anos, vão chamar a atenção da freguesia. "A Black Friday desse ano é uma excelente oportunidade de oferecer meus produtos para pessoas que foram afetadas financeiramente no período de pandemia", vislumbra a proprietária da Caroline Moraes Concept, que aposta na a renovação do vestuário para elevar o astral dos clientes em um momento de crise. "O cenário atual para o segmento de moda está mais forte, é um momento que devemos aproveitar para o crescimento até mesmo da auto-estima depois do período que vivemos em pandemia", aponta.

A empresária Caroline Moraes, da Caroline Moraes Concept | Foto: Arquivo Pessoal

Para Caroline, um os pontos positivos da movimentação da Black Friday no segmento do vestuário se deve à possibilidade de fazer girar mercadorias de outras coleções com preços mais acessíveis. Para ela, é o que pode servir de trampolim para as vendas de fim de ano. "Existe grande confiança em relação à campanha de Natal. A estratégia de vendas e marketing é diferente, pois além de envolver descontos e preços, estamos falando em presentear quem amamos", ressalta a proprietária. "Nós, por exemplo, vamos fazer a 'Black and Pink Friday', com 30% de desconto em todas as peças pink e black da loja no último final de semana de novembro", antecipa.

A Black Friday surgiu nos Estados Unidos para movimentar o comércio no período de Ação de Graças, em meados da década de 1990, mas só chegou ao Brasil em 2011. O portal brasileiro Busca Descontos foi o primeiro a oferecer produtos com redução no valor e, o que era para ser apenas uma oferta para usuários do mercado online, conquistou todos os segmentos do varejo.

Otimismo e cautela

Para Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), embora o momento seja de alta nos índices das vendas no varejo, a análise é otimista e cautelosa ao mesmo tempo nesta Black Friday. "As vendas no varejo estão aquecendo e, em um cenário de pandemia, podemos dizer que estamos atingindo os melhores índices neste momento. No entanto, ainda não há recuperação da economia se compararmos com períodos similares aos do ano passado", explica.

Segundo Solimeo, a expectativa aumenta ainda mais em relação ao comércio online. Para o economista, o maior aceite da população ao mercado do ambiente virtual pode trazer índices positivos a diversos segmentos que se alimentam do varejo. "As pessoas começaram a se habituar a fazer compras online, por causa do isolamento social provocado pela Covid-19. É possível que a semana das promoções tenha mais vendas que a do ano passado", prospecta. De acordo com um levantamento da consultoria Ebit/Nielsen, a Black Friday movimentou R$ 3,2 bilhões em menos de 48 horas no ambiente digital em 2019.

Para ele, os lojistas de estabelecimentos físicos também estão retomando os bons caminhos dos negócios. Mesmo assim, devem ficar longe de atingirem o patamar de 2019. "Os comerciantes de lojas físicas passaram a ter grandes prejuízos, por conta da restrição de horário de funcionamento do comércio. Neste momento, estão voltando a vender mais, mas ainda não dá para comparar com o que foi o ano passado", acrescenta. De acordo com o especialista, além do habitual movimento no setor de vestuário, as ofertas da última sexta-feira de novembro vão trazer o giro de mercadorias de maior custo. "As promoções costumam ser mais vantajosas para esses produtos. Eletrônicos, móveis, a área da construção civil e produtos de informática devem ajudar a impulsionar as vendas", finaliza.

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