Calor e distância das ilhas complicam vacinação na Ásia

Apenas alguns poucos países da região lançaram campanhas de imunização em grande escala, mas o número de vacinações deve aumentar nos próximos meses

sex, 22/01/2021 - 12:16
Roslan RAHMAN Equipe de uma das maiores distribuidoras farmacêuticas da Ásia, Zuellig Pharma, revisa caixas de temperatura controlada em um depósito da empresa, na Singapura Roslan RAHMAN

As temperaturas tropicais e a situação de certas ilhas, muito distantes, dificultam o transporte de vacinas contra o coronavírus em algumas áreas da Ásia, devido às temperaturas exigidas para a conservação das doses, mas uma grande distribuidora farmacêutica está disposta a enfrentar o desafio.

Apenas alguns poucos países da região lançaram campanhas de imunização em grande escala, mas o número de vacinações deve aumentar nos próximos meses.

Na Ásia, um dos maiores atores neste setor é a Zuellig Pharma, que conta com 85 depósitos - nos quais as vacinas podem ser armazenadas a uma temperatura muito baixa - e com uma boa rede de distribuição.

O respeito pela rede de frio é essencial, desde a produção das doses até sua chegada aos hospitais, passando pelo seu transporte até os depósitos.

"Não podemos administrar vacinas que estiveram fora da rede de frio", explica à AFP Tom Vanmolkot, vice-presidente desta empresa, durante uma visita ao depósito na Singapura, um dos poucos países da Ásia que começou a vacinar.

A tarefa é especialmente difícil nas Filipinas, Indonésia e Camboja, onde as temperaturas costumam ultrapassar os 30ºC.

A vacina Pfizer/BioNTech deve ser armazenada a -70 graus e mantida entre 2 e 8 graus durante cinco dias, enquanto a da Moderna pode ser mantida a -20 graus e a da empresa chinesa Sinovac entre 2 e 8 graus.

- Preservar a rede de frio -

Zuellig Pharma, com sede regional na Singapura, desenvolveu caixas especiais para transportar as vacinas e mantê-las na temperatura correta, com um dispositivo que registra e garante que a "rede de frio" não se rompeu.

Mas a geografia de alguns países, como Indonésia e Filipinas, dificulta a distribuição de vacinas. Segundo Vanmolkot, ambas as nações contam com "milhares de ilhas" e devem garantir que "as vacinas cheguem até elas".

Ao contrário da rápida distribuição de outras vacinas, a vacinação contra o coronavírus levará meses, aponta.

Para Zuellig Pharma, outra dificuldade é a incerteza. Ninguém está em condições de dizer neste momento quando as autoridades dos diferentes países as aprovarão, nem quando chegarão e em qual quantidade.

Filipinas, que registrou meio milhão de casos de covid-19 e 10.000 mortes desde o início da epidemia, anunciou que já chegou a um acordo para comprar 25 milhões de doses da vacina CoronaVac da empresa chinesa Sinovac, embora o produto ainda não tenha recebido a aprovação das autoridades reguladoras na China.

Indonésia, onde o vírus avança rapidamente, iniciou em 13 de janeiro sua campanha de vacinação, sendo o presidente Joko Widodo o primeiro a se vacinar, seguido pelo ministro da Saúde, líderes empresariais e outros altos responsáveis políticos e religiosos.

O regulador indonésio deu sinal verde para a vacina CoronaVac, apesar de sua taxa de eficácia relativamente baixa, avaliada pelos testes indonésios em 65,3%.

No total, o país, que registra quase 25.000 mortes desde o início da epidemia, espera cerca de 330 milhões de doses de vacinas, das quais mais de 125 milhões são da Sinovac.

As outras são da AstraZeneca, Pfizer e Sinopharm. No entanto, até agora, apenas alguns poucos milhões foram entregues.

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