Dia Mundial dos Oceanos acontece nesta terça (8)

Oceanógrafa explica sobre a relevância dos oceanos para o planeta

por Rafael Sales ter, 08/06/2021 - 20:36
Pixabay/Manuela Milani Pixabay/Manuela Milani

Nesta terça-feira (8) comemora-se o Dia Mundial dos Oceanos e o Dia dos Oceanógrafos. A data foi estabelecida durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento no Rio de Janeiro, em 1992, com o objetivo de alertar a população e transmitir a mensagem de conscientização sobre a importância dos oceanos, seja ela na vida do ser humano, ou da vida marinha. Posteriormente, em 2008, a Organização das Nações Unidas (ONU) oficializou a data comemorativa.

De acordo com Carla Elliff, pesquisadora no Instituto Oceanógrafo da Universidade de São Paulo (USP) e editora do site “Bate-Papo com Netuno”, o Planeta Terra só existe dessa forma como nós conhecemos por causa dos oceanos. “Todo esse corpo de água está conectado e regula o clima e a forma como o planeta funciona”. A pesquisadora complementa dizendo que vários aspectos estão ligados aos oceanos, desde a ciclagem de nutrientes, até a geografia atual da Terra, como as praias mais longas ou mais curtas e até a composição dos relevos. “A importância do oceano é básica, a gente não consegue imaginar o nosso planeta sem o oceano como ele é hoje”, afirma.

Quando se trata da relação entre oceano e planeta, uma das questões de maior relevância é a climatização. Segundo a pesquisadora, existe uma função do oceano chamada sumidouro de carbono. “A gente tem o carbono na nossa atmosfera, que é um tipo de gás do efeito estufa. Este fenômeno é essencial para a vida no planeta, caso não houvesse, a Terra seria muito gelada e não conseguiríamos viver”. Carla explica que a problemática que envolve o efeito estufa, na verdade, se trata da intensificação desse processo, que traz prejuízos.

A partir disto, a especialista aponta que é possível notar um aquecimento forçado, a partir do excesso de gases, dentro de um sistema que antes funcionava bem. “O oceano é um sumidouro de carbono. Até certo ponto é possível absorver o carbono e segurá-lo. Mas é possível que o oceano não consiga mais absorvê-lo, como se ele ficasse saturado. Estamos chegando nesse ponto, em que  o oceano em si está ficando mais quente”. Deste modo, Carla diz que existem épocas do ano em que a temperatura na superfície do mar aumenta e “afeta completamente” a vida nos oceanos.

Branqueamento de corais

Por conta dessas mudanças climáticas, a oceanógrafa conta que o padrão de vida de diversos animais aquáticos mudam, inclusive de peixes, corais, e até mesmo microorganismos, como plâncton. “Os recifes de corais são formados por corais e outros organismos construtores. Os corais vivem numa relação bem equilibrada de temperatura e acidez no oceano, mas com as mudanças climáticas, eles passam por um processo chamado branqueamento, em que perdem sua coloração e, com isso, podem morrer”.

Além disso, a pesquisadora afirma que existem estudos que mostram a possibilidade de migração de espécies. Regiões onde habitualmente tinham determinados tipos de peixes, agora podem não ter mais, uma vez que os animais estão buscando locais com águas mais frias. Desta forma, Carla explica que é possível entender que há uma relação entre ser humano e fauna, sendo que nessas regiões podem ter pescadores, que a partir da migração de espécies, não encontrarão mais os animais.

De acordo com a oceanógrafa, a pesca é uma forma de geração de empregos e oportunidade de renda, onde o homem usufrui dos recursos naturais em prol de alguma atividade econômica, assim como o turismo nas praias, atividades de extração mineral, de petróleo e gás. Além do transporte marítimo, que é “essencial” para a economia conhecida hoje. “São chamados de benefícios ecossistêmicos, que são vantagens que o ser humano tem, a partir do meio ambiente”, esclarece.

Para que as vidas aquáticas continuem em harmonia com o oceano, assim como a vida humana que também tem sua dependência dos mares, é necessário que haja a preservação do oceano, segundo Carla. Diversas instituições como a ONU tem levantado metas para que o meio ambiente aquático do planeta receba um maior cuidado. “Nós precisamos da sociedade mais conscientizada, que saiba da importância de fazer mudanças e que pressione os governos para que eles vejam que existe essa vontade popular de fazer as mudanças acontecerem”, orienta ela.

A pesquisadora Carla reforça que é importante ter uma data dedicada aos oceanos, para trazer uma mensagem de união. “Não conseguimos solucionar os problemas do oceano. Os problemas são complexos e as soluções também serão. Precisamos unir diferentes vozes, de lugares diferentes e de setores diferentes da sociedade civil”. Nesse sentido, a oceanógrafa diz que a interação da vida humana está ligada de forma direta e indireta às mudanças climáticas do oceano. “Por isso, precisamos ser guardiões do oceano, nesse sentido de preservação. Precisamos cuidar desse ambiente, que cuida tão bem da gente”, finaliza.

 

 

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