Governo Federal pediu propina por vacina, diz Folha de SP

Segundo o jornal, empresa vendedora de vacinas recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose para fechar contrato com o Ministério da Saúde

ter, 29/06/2021 - 21:26
Pixabay Empresa recebeu pedido de propina para fechar contrato com o Ministério da Saúde Pixabay

Na noite desta terça-feira (29), o jornal Folha de São Paulo publicou uma matéria em que afirma que o governo federal pediu propina por vacinas. De acordo com a reportagem, o representante de uma vendedora de vacinas disse que recebeu um pedido de propina de US$ 1 por dose, em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde.

O representante se chama Luiz Paulo Dominguetti Pereira, da empresa Davati Medical Supply, e afirma que Roberto Ferreira Dias, diretor de Logística do Ministério da Saúde, foi quem fez a proposta, no dia 25 de fevereiro. Roberto Dias, segundo a Folha, foi indicado ao cargo pelo deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara. Ricardo Barros foi acusado, na CPI da Covid, pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), de tentar fraudar o contrato da vacina indiana Covaxin. 

A reportagem conta que a empresa Davati procurou o Ministério para negociar 400 milhões de doses da Astrazeneca, a US$ 3,5 cada dose. De acordo com Dominguetti, Roberto Ferreira Dias, em um encontro em um shopping de Brasília, propôs "acrescentar 1 dólar" no valor para fechar o negócio.

Segundo ele, Roberto Dias afirmou que "tinha um grupo, que tinha que atender a um grupo, que esse grupo operava dentro do ministério, e que se não agradasse esse grupo a gente não conseguiria vender".

Dominguetti ​disse que recusou o pedido de propina, mas ainda chegou a ter reuniões do Ministério da Saúde. "Disseram que iam entrar em contato com a Davati para tentar fazer a vacina e depois nunca mais. Aí depois nós tentamos por outras vias, tentamos conversar com o Élcio Franco (ex-secretário-executivo do ministério), explicamos para ele a situação também, não adiantou nada. Ninguém queria vacina", afirmou à Folha.

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