Ex-presidiárias protestam por auxílio emergencial aprovado

Apesar da aprovação, pagamentos referentes ao ano de 2020 não foram lançados por uma desatualização no cadastro das mulheres, que ainda constam como encarceradas no sistema

por Vitória Silva qui, 15/07/2021 - 14:51
Marília Parente/LeiaJáImagens Mulheres protestaram em frente à DPU Marília Parente/LeiaJáImagens

Uma desatualização cadastral adia o pagamento do auxílio emergencial de um grupo de mulheres ex-presidiárias no Recife. O atraso foi motivo de um protesto na tarde desta quinta-feira (15), em frente à Defensoria Pública da União (DPU), no bairro da Boa Vista, no Centro. Segundo uma das organizadoras, Andreza Chiarelle de Souza, o pagamento foi autorizado judicialmente em 2020 e é referente às parcelas do ano passado, pois elas não fizeram parte dos grupos contemplados pelo benefício, que retornou em 2021.

Juntas, elas se identificam como o movimento Mulheres, Liberdade e Cidadania (MLC), atuante na comunidade dos Coelhos, também na região central da capital pernambucana, e comunidades adjacentes. São chefes de família de baixa renda que, apesar de terem passado pelo sistema prisional, já cumpriram suas penas e estão em liberdade.

“Apesar da nossa luta, do trabalho e de sermos ex-presidiárias, ajudamos nossa comunidade com um sopão, arrecadamos alimentos para fazer cestas e doar para estas mulheres, para elas não entrarem para a vida do crime. Tem a pandemia, o lockdown, tudo fechado. Muitas aqui têm filhos e estão sem renda, a gente só recebe o dinheiro do Bolsa Família, com R$ 130. Não nos contemplaram com o auxílio este ano porque dizem que nós estamos presas, mas estamos todas soltas. Faz 10 anos que eu estou na rua. A gente errou no passado e pagamos pelo nosso erro. Isso não dá oportunidade de trabalho, o nome 'ex-presidiária' é muito forte”, disse Andreza ao LeiaJá.

No cadastro enviado às instituições, ex-presidiárias constam como ainda encarceradas e sob cumprimento de pena. Na tentativa de um diálogo com a DPU, o MLC protestou em frente à unidade, mas não foram atendidas pelo jurídico. Ainda segundo Andreza, nas outras tentativas, a defensoria sugeriu que o grupo buscasse a Caixa Econômica Federal, que lança os pagamentos do auxílio, mas ao buscar atendimento na CEF, as mulheres são novamente direcionadas à DPU e assim, o caso segue sem solução.

Com informações de Marília Parente

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