UOL: Igreja Universal lavou R$ 665 mi por ano em Angola

Ouvidos pelo portal brasileiro UOL, ex-bispos do país africano fizeram denúncias sobre o esquema

por Vitória Silva qui, 18/11/2021 - 13:29
Divulgação/Igreja Universal Angola Grupo da Universal em prédio ocupado de Luanda Divulgação/Igreja Universal Angola

A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) é suspeita de lavar ao menos 120 milhões de dólares por ano em Angola, principal dos 37 países nos quais a instituição está presente no continente africano. A denúncia, que foi feita por bispos locais, é investigada pelas autoridades do país, e aponta prática de racismo, abuso de autoridade e imposições na vida pessoal dos integrantes da religião, como cirurgias de vasectomia. As informações são do UOL.

O império do bispo brasileiro Edir Macedo teria levado, ilegalmente, de Angola para a África do Sul, cerca de US$ 30 milhões a cada três meses, segundo as denúncias. Os valores somados, em real, chegam a aproximadamente R$ 660 milhões, na cotação atual.

O pastor e ex-diretor da TV Record África Fernando Henriques Teixeira foi apontado como o responsável por essa tarefa. A operação teria se repetido nos últimos 11 anos, desde quando o religioso brasileiro chegou ao país. A denúncia foi feita à polícia angolana por bispos e pastores locais que se rebelaram contra a direção brasileira da Igreja Universal do Reino de Deus, no final de 2019, e confirmada à reportagem.

"A imagem para representar o que acontecia em Angola era a de um saco sem fundo: tudo o que entrava saía", diz o ex-pastor angolano Armando Tavares.

As denúncias apontam que Teixeira atuava nos últimos meses apenas como executivo da TV Record África, mas ele teria obtido o visto e a autorização para entrar e trabalhar em Angola como pastor, segundo os bispos angolanos.

A maior parte do dinheiro ilegal seguia de carro para Johannesburgo, na África do Sul, via estradas da Namíbia, de acordo com os denunciantes. Os dólares estariam escondidos em malas, no forro dos veículos e até em pneus.

A assessoria de imprensa da Universal em Angola, em nota, desmentiu as acusações: "É totalmente falsa esta questão. É totalmente sem fundamento. Isto é uma versão levantada por estes ex-pastores e pastores de dissidências com o objetivo de tomar a igreja. Eles criaram a sua versão a fim de tomar a igreja, uma vez que é um crime. Todas as ofertas da igreja são totalmente declaradas aqui para o Estado e a esta versão que os dissidentes levantaram é totalmente infundada".

Já a Igreja Universal no Brasil afirma que a liberdade religiosa está em risco no país africano.

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