Cientista: China pode eventualmente conviver com a Covid

O país que detectou o primeiro caso do vírus em 2019 é um dos poucos que mantém a estratégia de tolerância zero

ter, 01/03/2022 - 06:56
STR Funcionário da prefeitura limpa rua da cidade de Xi'an, norte da China, durante confinamento por surto de covid-19, em 28 de dezembro de 2021 STR

A China pode desistir da estratégia de 'covid zero' em um futuro próximo e conviver com o vírus, afirmou um renomado cientista do país, em um sinal de que as autoridades do país estão repensando a abordagem estrita da pandemia.

O país que detectou o primeiro caso do vírus em 2019 é um dos poucos que mantém a estratégia de tolerância zero, com confinamentos rígidos diante de surtos pequenos, e permanece fechado à maior parte das viagens internacionais.

A estratégia chinesa contra a Covid-19 "não pode continuar para sempre e a meta de longo prazo da humanidade é coexistir com o vírus" a um nível tolerável de mortes e contágios, escreveu nas redes sociais o cientista Zeng Guang.

Zeng foi diretor científico do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China e um dos responsáveis pela resposta inicial do país à Covid-19.

Mas o cansaço com interrupções na vida cotidiana, assim como a luta de Hong Kong, uma cidade semiautônoma, para conter um grande surto da variante ômícron, provoca questões sobre a sustentabilidade da abordagem chinesa.

Zeng disse que as ações da China impediram o caos inicial de infecções em massa registrado em alguns países ocidentais, mas que a baixa taxa de contágios agora é um "ponto fraco" porque poucas pessoas desenvolveram a imunidade natural.

Também considera que os países ocidentais mostram uma "coragem louvável" ao explorar como conviver com o vírus e que a China deve "observar e aprender, embora ainda não exista a necessidade de abrir as portas do país no auge da pandemia mundial".

"No futuro próximo, no momento indicado, teremos apresentar o roteiro para uma coexistência chinesa com o vírus", escreveu Zeng na plataforma Weibo.

Os comentários de especialistas são raros na China, e outros que no passado questionaram a abordagem "covid zero" sofreram represálias, como Zhang Wenhong, atacado nas redes sociais e investigado por plágio após um comentário no Weibo simlar ao de Zeng, em julho.

O comentário de Zeng não provocou grande repercussão até o momento na rede social.

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