Itália: Seja Bolsonaro, seja Lula, queremos boas relações

Manlio Di Stefano fez visita oficial ao Brasil

sex, 18/03/2022 - 09:01
Ricardo Stuckert/Alan Santos-PR Lula e Bolsonaro Ricardo Stuckert/Alan Santos-PR

O subsecretário do Ministério das Relações Exteriores da Itália, Manlio Di Stefano, afirmou que o país europeu quer ter boas relações com o Brasil independentemente do resultado das eleições de outubro.

Membro do partido antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), Di Stefano concluiu uma missão de três dias em Brasília e São Paulo, durante a qual se reuniu com membros dos governos federal e paulista e com representantes de empresas italianas.

"Todos falam de Bolsonaro, de Lula, de terceira via. Acredito que, para a Itália, isso não muda nada. Que seja Bolsonaro, que seja Lula, que seja uma terceira via, devemos ter boas relações com todos. É o mesmo discurso que havia nos tempos de Trump. Não é que a relação entre Itália e EUA mude porque tem Trump ou Biden", disse o subsecretário em entrevista à ANSA na tarde desta quinta-feira (17), pouco antes de seu retorno a Roma.

Di Stefano reconheceu a histórica proximidade cultural entre Brasil e Itália, mas declarou que as relações tanto econômicas quanto políticas entre os dois países "podem melhorar".

"Eu disse muito isso nesses três dias: ambos os países sempre cometeram um grande erro, que é dar por certo que somos países irmãos porque a comunidade italiana [no Brasil] é muito grande.

Isso sempre serviu de desculpa para os políticos não cultivarem a relação política. Cometemos o mesmo erro com Argentina, Venezuela. É um erro gravíssimo, porque as relações políticas devem ser cultivadas. A Itália, politicamente, quer ser amiga do Brasil, independentemente de quem o governa", salientou.

O presidente Jair Bolsonaro visitou a Itália em outubro e novembro de 2021 para a cúpula do G20, mas não teve nenhum encontro bilateral com o premiê Mario Draghi, apesar de ter ficado quatro dias no país europeu.

Em sua missão em Brasília e São Paulo, o subsecretário Di Stefano defendeu a candidatura do Brasil a membro da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), bem como a ratificação do acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul.

No entanto, ele ressaltou que é preciso fazer um "adendo" sobre questões ambientais ao texto do tratado. "Objetivamente, reabrir as negociações significaria não fazer mais o acordo. Acreditamos que o adendo é suficiente, e o governo brasileiro concorda", disse.

Da Ansa

COMENTÁRIOS dos leitores