Agosto Dourado reforça importância da amamentação
Aleitamento materno é decisivo para reduzir ocorrência do câncer de mama, afirma especialista
Um estudo publicado no jornal britânico The Lancet, que partiu de 28 outros estudos anteriores para calcular os dados globais, chegou à conclusão de que difundir a amamentação no mundo todo teria um impacto imenso na saúde global. Mais de 800 mil mortes de recém-nascidos seriam evitadas por ano – 13% de todas as mortes de crianças de até dois anos.
O estudo concluiu também que seriam evitadas, anualmente, cerca de 20 mil mortes de mães, causadas por câncer de mama.
Os inúmeros benefícios do aleitamento materno para o bebê são bem conhecidos. Em contrapartida, os benefícios para a saúde da mãe são menos difundidos. Um deles é a redução do risco de a mulher ter câncer de mama. Estudo da Universidade de Curtin, na Austrália, revela que, a cada ano de amamentação, o risco diminui 4,3%.
“Durante a gravidez e a amamentação, a mulher renova o tecido mamário, o que pode ajudar a remover células com danos ao DNA, reduzindo o risco de desenvolver câncer de mama. Além disso, acreditamos que a redução de ciclos menstruais da mulher contribui para a redução do risco”, explica o mastologista Fábio Botelho, do Centro de Tratamento Oncológico (CTO).
O tempo de amamentação é determinante na redução do risco, assim como a idade da mãe. “Os estudos demonstram o percentual de redução de risco a cada ano de amamentação. E nós sabemos também que as mulheres mais beneficiadas são aquelas mais jovens. A mulher que tem filho com vinte, vinte e poucos anos, que tem mais de um filho, que amamenta esses filhos por um ou dois anos, é a que consegue reduzir mais o risco de ter um tumor de mama”, complementa o especialista.
“Essa proteção está relacionada aos hormônios. No período de gestação e amamentação a mulher produz menos hormônios relacionados ao desenvolvimento do câncer de mama. É uma proteção, mas deve estar sempre associada a hábitos de vida saudável, como não fumar, ter uma boa alimentação, praticar atividades físicas, manter-se com peso adequado e evitar o consumo de bebidas alcoólicas, já que o câncer de mama tem causas multifatoriais. E não podemos esquecer da importância do diagnóstico precoce, que é assegurada pelas consultas e exames preventivos”, destaca Fábio Botelho.
A Sociedade Brasileira de Mastologia preconiza a mamografia bilateral, anualmente, a partir dos 40 anos, e a consulta com o especialista.
Agosto Dourado
O mês de agosto começa com a Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM), de 1º a 7. O movimento foi estabelecido em 1992 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em defesa da amamentação.
Em 2022, o tema da SMAM é "Fortalecer a amamentação: educando e apoiando", e o objetivo principal é informar a população de forma geral sobre a importância do apoio à amamentação para a saúde coletiva.
No Brasil, o incentivo à amamentação é Lei. Em 2017, o Congresso Nacional Brasileiro instituiu, por meio da lei número 13.435, o Mês do Aleitamento Materno: o Agosto Dourado, em alusão à definição da OMS para o leite materno: alimento de ouro.
No Brasil, 6 em cada 10 crianças são amamentadas até os 2 anos de idade e 46% dos bebês são alimentados exclusivamente com leite materno até os 6 meses de vida. A Organização Mundial da Saúde estipulou como meta global atingir 50% até 2025.
O mês é dedicado a informar e debater sobre a importância de amamentar os bebês. Em todo o mundo, campanhas a favor do aleitamento materno são realizadas pela World Alliance for Breastfeeding Action (Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno), presente em 150 países, com o propósito de promover, proteger e apoiar o aleitamento materno – fundamental para a saúde dos bebês e das mães.
O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres, no Brasil e no mundo, depois do de pele não melanoma. Corresponde a cerca de 22% dos casos novos de câncer diagnosticados a cada ano. A estimativa do Inca (Instituto Nacional do Câncer) é de 66.280 casos novos de câncer de mama, para cada ano do triênio 2020-2022.
O diagnóstico tardio, ainda predominante no Brasil, aumenta muito a gravidade da doença e os índices de mortalidade. Em contrapartida, se o câncer de mama for diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é muito bom. As chances de cura são superiores a 90%.
As taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas no Brasil porque a doença ainda é diagnosticada em estágios avançados.
Da assessoria do CTO.