Células humanas são implantadas em rato para estudo

O objetivo do experimento é estudar fisiologicamente alguns distúrbios psiquiátricos complexos, como a esquizofrenia, com a possibilidade de testar alguns tratamentos

por Camily Maciel qua, 19/10/2022 - 17:47
Pixabay/Tibor Janosi Mozes Pixabay/Tibor Janosi Mozes

Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, conseguiram realizar um transplante inédito de neurônios humanos em cérebros de ratos jovens. O objetivo do experimento é estudar fisiologicamente alguns distúrbios psiquiátricos complexos, como a esquizofrenia, com a possibilidade de, até mesmo, testar alguns tratamentos.  

Para isso, os autores da pesquisa utilizaram mini modelos 3D do cérebro humano chamados organóides, técnica desenvolvida na última década a partir de células-tronco para funcionar como um modelo simplificado do córtex humano. Isso inclui a conexão e a integração com o tecido circundante do córtex de cada rato, de forma a funcionar como o próprio cérebro do roedor. De acordo com os pesquisadores, a grande dificuldade de estudar as doenças psiquiátricas em animais é que eles não as sofrem da mesma maneira que os seres humanos, ao passo que estes não podem, naturalmente ser sujeitos a determinados experimentos vivos.  

Além disso, em culturas desse tecido cerebral humano feitas em placas de Petri, os neurônios não atingem seu tamanho característico em um cérebro humano real. Segundo o principal autor do estudo e professor de Psiquiatria e Ciências Comportamentais em Stanford, Sergiu Pasca, ao transportar os órgãos 3D em cérebros de ratos bebês, descobriu-se que os organoides podem se tornar bastante grandes e vascularizados.  

Sustentados pela rede sanguínea do pequeno roedor, eles chegaram a ocupar até um terço do hemisfério do cérebro de cada animal. A equipe usou a ferramenta em organóides de pacientes com uma doença genética chamada Síndrome de Timothy. A conclusão foi de que, nos cérebros dos ratos, os organoides cresceram mais lentamente e com menor atividade do que aqueles nos cérebros de pacientes saudáveis.

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