Barco atraca na Itália e 89 migrantes desembarcam

As organizações de resgate de migrantes enfrentaram recentemente obstáculos do novo governo italiano para desembarcar seus passageiros

ter, 08/11/2022 - 08:18
Severine KPOTI Foto de 3 de novembro de 2022 divulgada pela ONG alemã Lifeline mostra resgate de migrantes pelo barco Severine KPOTI

O barco humanitário "Rise Above" atracou durante a noite na Sicília e todos os 89 migrantes resgatados no Mar Mediterrâneo desembarcaram depois que receberam autorização do governo italiano, anunciou nesta terça-feira a ONG alemã Lifeline, que freta a embarcação.

"O desembarque dos 89 resgatados terminou", afirmou à AFP o fundador da ONG, Axel Steier.

Quatro migrantes foram retirados por razões médicas no domingo desta embarcação de pequenas dimensões em comparação com outros três navios de ONGs que operam atualmente no Mediterrâneo.

As organizações de resgate de migrantes enfrentaram recentemente obstáculos do novo governo italiano para desembarcar seus passageiros.

Depois de passar várias semanas no mar, o navio de bandeira alemã "Humanity 1", da ONG SOS Humanity, recebeu autorização para atracar no domingo na região de Catania e desembarcar 144 pessoas, essencialmente mulheres e menores de idade, mas 35 homens adultos foram obrigados a permanecer abordo.

O "Geo Barents", navio com bandeira norueguesa da organização Médicos Sem Fronteiras, também atracou no domingo em Catania, mas as autoridades permitiram o desembarque de apenas 357 pessoas e proibiram a entrada de outras 215.

Deste grupo, dois sírios pularam na água na segunda-feira e uma terceira pessoa pulou para socorrê-los. Os três estão bem e, depois de dormir em um veículos no cais, poderão solicitar asilo, disse à AFP o senador democrata Antonio Nicita.

O "Ocean Viking", da ONG SOS Méditerranée e também de bandeira norueguesa, não recebeu autorização para entrar no porto italiano e navega na costa de Siracusa.

"A situação a bordo do 'Ocean Viking' se tornou insuportável para os 234 resgatados. Depois de 17 dias a bordo, a saúde mental deles está gravemente afetada: muitos sofrem de insônia e demonstram sintomas graves de ansiedade e depressão", afirmou a ONG.

O novo governo italiano, o mais à direita desde a Segunda Guerra Mundial, se comprometeu a manter a linha dura contra a migração.

O ministro do Interior, Matteo Piantedosi, afirmou que os migrantes resgatados no mar eram responsabilidade do país sob cuja bandeira navega o barco.

A Itália registrou um forte aumento de pessoas que chegam pelo mar este ano, com 88.100 pessoas desde janeiro, contra 56.000 e 30.400 no mesmo período dos dois anos anteriores, marcado pela pandemia, segundo o ministério do Interior.

Apenas 14% deles foram resgatados e desembarcaram de navios humanitários, segundo a mesma fonte.

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