Doenças bucais afetam quase metade da população mundial

Nos últimos 30 anos, houve um aumento de 1 bilhão de casos registrados

qui, 17/11/2022 - 11:26
Ozan KOSE Paciente em clínica dentária de Istambul, na Turquia, em 16 de setembro de 2022 Ozan KOSE

Quase metade da população mundial sofre de doenças bucais, dentes cariados, gengivas inflamadas, ou câncer – informou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quinta-feira (17) em seu primeiro panorama completo sobre essa situação em 194 países.

Em um novo relatório, a OMS constata que 45% da população mundial, ou cerca de 3,5 bilhões de pessoas, sofrem de doenças bucais. Nos últimos 30 anos, acrescenta a organização, houve um aumento de 1 bilhão de casos registrados.

"A saúde bucal tem sido negligenciada na saúde global", afirma o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em um comunicado, embora medidas de prevenção de baixo custo possam evitar muitos dos problemas.

É "uma indicação clara de que muitas pessoas não têm acesso à prevenção e ao tratamento de doenças bucais", sendo as mais comuns a cárie dentária, doenças gengivais, perda de dentes e câncer, detalha o documento.

A cárie dentária não tratada é a doença mais comum, afetando cerca de 2,5 bilhões de pessoas em todo mundo.

Estima-se que a gengivite grave, uma das principais causas de perda total de dentes, afete até 1 bilhão de pessoas. E, a cada ano, aproximadamente 380.000 novos casos de câncer bucal são diagnosticados, de acordo com a OMS.

Os principais fatores de risco são o alto consumo de açúcar, mas também o uso de tabaco e o consumo de álcool.

A OMS incentiva as autoridades a combaterem esses fatores de risco comuns, "promovendo uma dieta balanceada com baixo teor de açúcares, interrompendo o consumo de tabaco em todas as suas formas, reduzindo o consumo de álcool e proporcionando melhor acesso a cremes dentais fluoretados eficazes e acessíveis".

O relatório destaca ainda as desigualdades gritantes no acesso aos serviços de saúde bucal, dando ênfase ao enorme fardo que essas doenças, muitas vezes altamente visíveis e impossíveis de esconder, impõem às populações mais vulneráveis e desfavorecidas.

De acordo com o relatório, em torno de 75% de todas as pessoas com doenças bucais vivem em países de baixa e média rendas, mas, no mundo todo, são os pobres, deficientes, ou idosos e vulneráveis, aqueles mais privados de acesso adequado a cuidados caros.

Isso pode levar a "custos catastróficos e a um fardo financeiro significativo para famílias e comunidades", adverte a OMS.

Ao mesmo tempo, a dependência de fornecedores altamente especializados e de equipamentos de alta tecnologia torna esses serviços inacessíveis para muitos, enquanto a falta de informação e de profilaxia impossibilita uma ação a tempo.

A OMS apresentou uma longa lista de propostas sobre como enfrentar o problema, inclusive pedindo aos países que incluam serviços de saúde bucal em seus sistemas de atenção primária à saúde.

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